20 de janeiro de 2011

Eleições Presidenciais - Campanha morna e sem ideias de um rumo para Portugal

 
  Termina amanhã a campanha eleitoral para as eleições presidenciais do próximo dia 23. Segundo as sondagens mais recentes, publicadas a 16 de Janeiro, Cavaco Silva irá vencer à primeira volta com aproximadamente 62% dos votos, seguido de Manuel Alegre e Fernando Nobre, praticamente empatados, com 15% e 13% dos votos respectivamente. Segundo as previsões, a taxa de abstenção situar-se-á nos 35%.

  Face à delicada e gravíssima situação económico-social em que o nosso país se encontra, com a perda progressiva da independência económica, a maioria dos portugueses esperaria ouvir de todos os candidatos, sobretudo por parte de Cavaco Silva e de Manuel Alegre, a apresentação de propostas indicadoras de um rumo claro e definido para o futuro de Portugal. Ou seja, esperaria ouvir a apresentação de ideias geradoras de confiança que resultassem na adesão entusiástica e maciça da esmagadora maioria da população às propostas dos candidatos.

  Em vez disso, tem-se assistido a uma campanha morna. Durante a primeira semana de campanha não se falou de outra coisa a não ser do caso BPN. Depois disso, tem-se tentado levantar novos casos visando atingir directamente o candidato Cavaco Silva.

  Ao que tudo indica, a eleição do próximo dia 23 será decidida entre Cavaco Silva e Manuel Alegre. Deste modo, limitar-me-ei a fazer um breve comentário sobre estes dois candidatos.

  Quanto a Manuel Alegre, considero ser muito significativo o facto de a sua candidatura ter o apoio oficial do Bloco de Esquerda e do Partido Socialista.

  Ou seja, estes dois partidos que, no quadro parlamentar aparentam ter enormes divergências políticas e ideológicas, acabaram por aliar-se no apoio a um candidato que pretende ser o representante da Esquerda, da esquerda moderna como afirma Manuel Alegre.

  É curioso notar que, muitas das leis sobre costumes aprovadas pelo Partido Socialista, com particular destaque para a lei do casamento homossexual e do divórcio a pedido, entre outras, mais não são do que leis inicialmente apresentadas pelo Bloco de Esquerda e aprovadas posteriormente pelo Partido Socialista numa versão aparentemente menos radical.

  Poder-se-ia afirmar assim que parte da actual agenda do PS mais não é mais do que a agenda radical do Bloco de Esquerda.

  Alegre é de algum modo o candidato dessa agenda radical do Bloco de Esquerda secundada pelo Partido Socialista.

  Relativamente a Cavaco Silva, que parece ter a sua reeleição assegurada, cabe perguntar por que motivo há uma intenção de voto de aproximadamente 62% neste candidato?

  A resposta parece ser fácil. Cavaco Silva beneficia do enorme descontentamento existente actualmente entre  os portugueses relativamente ao impasse político e económico em que o país se encontra.

  Numa situação destas os eleitores querem estabilidade e sentem que, de alguma forma, Cavaco Silva pode ser o garante dessa estabilidade.

  Tal como há 5 anos, Cavaco apresenta-se como o homem que pretende ter o consenso da maioria dos portugueses.

  É bom recordar, no entanto, que Cavaco Silva, defraudou parte considerável da sua base de apoio natural ao ter promulgado nestes últimos cinco anos leis muito polémicas na área dos costumes como sejam a liberalização do aborto, as experiências com embriões, o divórcio a pedido e a educação sexual nas escolas. Ou seja, leis repudiadas por muitos católicos e pelo sector conservador em geral, que esperavam de Cavaco Silva medidas mais combativas e enérgicas face à promulgação deste tipo de legislação.

  Irá Cavaco Silva defraudar novamente as esperanças de muitos dos eleitores que constituem a sua base natural de apoio caso venha a ser reeleito no próximo Domingo?



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