APELO AO PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Impõe-se voltar ao tema aqui abordado nas duas últimas semanas, dada a indefinição política e a delicada situação que se está a viver em Portugal, cujas consequências são neste momento imprevisíveis.
Através de uma hábil manobra de bastidores desencadeada pelos partidos da extrema-esquerda e com a cumplicidade do Partido Socialista, a sociedade portuguesa tem vindo a assistir nas duas últimas semanas à tentativa de imposição de uma frente de esquerda para a governação do país, no total desrespeito pelo voto de dois milhões e cem mil portugueses e ao arrepio do interesse nacional. O objectivo último da coligação de perdedores, constituída pelo PS, Bloco de Esquerda e PCP, é o de impedir que a coligação Portugal à Frente forme um Executivo. Ou seja, “...está em curso uma operação para sequestrar os votos da coligação”, como referia há dias o Dr. Paulo Portas.
Alguns comentadores e analistas políticos têm afirmado nas últimas semanas que os partidos da extrema-esquerda portuguesa não representam actualmente o mesmo perigo que representavam em 1975, no que toca à aplicação das políticas que preconizam e que pretendem implementar, caso viessem a integrar o próximo Executivo. Ou seja, uma vez chegados ao poder e face à realidade da governação, Bloco de Esquerda e PCP acabariam por pôr de lado a sua agenda ideológica radical.
Nada mais falso.
Curiosamente e de forma sintomática Joana Mortágua, do Bloco de Esquerda, que, tenta ocultar dos portugueses o radicalismo da sua agenda ideológica e apresentar-se agora como respeitadora das regras da democracia representativa, afirmava, há menos de um ano, o seguinte: “A mesma fibra que temos hoje é a que tínhamos há 40 anos: a fibra dos revolucionários, dos que arriscam, dos que aprendem, dos que nunca esquecem onde têm as suas raízes, as mais profundas, as do pensamento.”
O país aguarda com apreensão e expectativa a decisão do Chefe de Estado sobre a formação do próximo Executivo que poderá ter lugar ainda hoje.
Preocupado e apreensivo com a actual situação de impasse político e face aos possíveis cenários que se perspectivam, decidi enviar há dois dias uma missiva ao Presidente da República. Não me sendo possível lê-la na íntegra, dada o reduzido espaço desta crónica, quero partilhar consigo alguns excertos da mesma.
"Sr. Presidente, face à leitura dos resultados eleitorais, o sentimento geral de milhões de portugueses é o de que cabe à coligação Portugal à Frente formar governo, mesmo que esse governo venha a ser minoritário, à semelhança do que aconteceu com o governo minoritário liderado por V. Exa. em 1985.
Senhor Presidente, quero transmitir-lhe a minha apreensão e preocupação ao considerar, como mera hipótese, a formação de um governo de uma frente de esquerda em Portugal, não só pela falta de legitimidade eleitoral de que um tal Executivo empossado por V. Exa. viria e enfermar, como também pelo que isso significaria em termos de retrocesso económico e social para Portugal.
Assim, venho apelar a Vossa Excelência, como mais alto magistrado da Nação, que, no legítimo exercício do mandato que lhe foi conferido pelos portugueses e no respeito pela escolha livre e democrática dos mais de dois milhões de eleitores que deram a vitória nas urnas à coligação Portugal à Frente, não viabilize um Executivo minoritário PS com o apoio parlamentar das forças anti-sistema da extrema-esquerda.
Esperando que esta missiva seja bem acolhida por Vossa Excelência, Senhor Presidente, fico a aguardar com expectativa e serenidade a decisão que irá tomar quanto à constituição do novo Executivo.
Estou convicto que a decisão de Vossa Excelência, Senhor Presidente, irá respeitar a vontade expressa nas urnas pela maioria dos portugueses e terá em consideração os superiores interesses da Nação portuguesa bem como a voz e o prestígio de Portugal no concerto das nações."