A expressão "pescar em águas turvas" indica a atitude de quem procura criar ou aproveitar-se de uma situação confusa para tirar proveito em benefício próprio. Na situação política actual, há gente mal-intencionada a querer “pescar em águas turvas”.
Nos dias que antecederam as eleições de 4 de Outubro, o País foi assistindo ao crescimento, por toda a parte, de manifestações de rua animadas e cordatas em prol da coligação Portugal à Frente.
Eram pessoas de todas as idades e condições sociais que representavam um Portugal profundo, pacífico e desejoso de uma continuidade, sem aventuras, que permitisse um futuro com esperança, apesar das dificuldades enfrentadas nos últimos anos.
Delineava-se, com clareza cada vez mais acentuada, a vitória da coligação, contra as máquinas publicitárias reinantes em boa parte da comunicação social, contra os agoiros de certos comentadores e analistas políticos, contra certas sondagens que, até pouco tempo antes, prenunciavam a sua derrota e não ousavam agora passar da constatação de um permanente “empate técnico”.
Foi então que eclodiu nos meios políticos e jornalísticos portugueses um verdadeiro terrorismo político sem escrúpulos, revelador de uma articulação nos bastidores de forças que estavam dispostas a não reconhecer os resultados eleitorais e simultaneamente a forçar um volte-face na situação política portuguesa, contra tudo e contra todos. Começou a falar-se de um governo à esquerda e de uma coligação que duraria apenas até ao dia das eleições, etc.
Chegou, por fim, a noite do dia 4 de Outubro e as urnas confirmaram a vitória inequívoca da Coligação Portugal à Frente. O Partido Socialista, conduzido por António Costa, era o grande derrotado da noite. Não conseguiu a maioria absoluta com que sonhava, não conseguiu vencer, nem sequer obteve um número de deputados superior ao PSD, considerado isoladamente. As caras de consternação nos meios socialistas, no quartel-general de campanha do PS, não deixavam dúvidas sobre a dimensão da derrota.
Mas, curiosamente, quem naquela noite chegasse a Portugal, desconhecendo o que se passara, tinha a impressão que a Coligação Portugal à Frente era a grande derrotada das eleições. Com efeito, uma agenda mediática alinhada com a agenda socialista destacava os “triunfos” da esquerda… de tal forma que se ficava com a impressão que o eleitorado recusara massivamente a coligação governamental.
Começava, então, a revelar-se uma trama: o assalto ao poder a qualquer custo, o desrespeito pelas normas do Estado de Direito democrático, o desrespeito pelos resultados eleitorais de um País que escolheu a continuidade política, sem novas aventuras. Os portugueses começavam a ver delinear-se no horizonte um governo de Leninistas, Estalinistas e Trotskistas, capitaneado pelo derrotado Partido Socialista. Até mesmo dentro do PS, certas vozes passaram a demonstrar a sua discordância para com a direcção do Partido, alinhado com os interesses da verdadeira “face oculta” desta trama: o ex-primeiro Ministro José Sócrates.
Além de parecerem dispostas a levar de roldão um esforço de quatro anos que tirou Portugal da bancarrota a que tinha sido conduzido pelo Partido Socialista, essas forças mostravam agora a sua agressividade e crispação na tentativa de impor ao País uma grave agenda de temas fracturantes que de modo algum foi sufragada pelo eleitorado.
E, por fim, no caso da censura prévia, solicitada pela defesa de José Sócrates para o grupo COFINA, proprietário do Correio da Manhã, através da interposição de uma providência cautelar, estava a determinação em amordaçar os meios de comunicação e, se possível, aparelhar o Estado para que não venha a ser apurada a verdade sobre a rede delituosa, montada durante os governos do Partido Socialista da era Sócrates que subjugava as instituições do Estado de Direito aos interesses de um projecto de poder.
Curiosamente, por estes dias, vão sendo reveladas na imprensa nacional e estrangeira informações que aproximam de forma claríssima o imenso esquema de corrupção instaurado no Brasil, por Lula da Silva, em prol do projecto de poder autoritário do Partido dos Trabalhadores e o esquema corrupto no qual está envolvido o nome de José Sócrates e de outros dirigentes socialistas.
Vale a pena recordar que, quando José Sócrates pretendeu voltar à vida pública com o lançamento do seu livro, convidou para apresentá-lo o ex-presidente do Brasil, Lula da Silva, numa viagem, toda ela, envolta em enormes polémicas e suspeitas.
Fica no ar uma pergunta: Será que a agitação jacobina que está a abalar Portugal e que, para muitos, faz reviver momentos do PREC, quando a esquerda tentava implantar uma ditadura no País, tem a finalidade de impedir que boa parte do Partido Socialista e, talvez, de certa esquerda, bem como dos seus altos dirigentes, seja varrido da cena pública, envolto na lama da corrupção?