Entre os incêndios de Pedrógão Grande de 17 de Junho e os do passado fim de semana, perderam a vida mais de uma centena de pessoas indefesas face à total ausência das estruturas do Estado que, na hora das tragédias, não estavam presentes para garantir a segurança e a vida dessas pessoas.
A reacção de António Costa ao recusar assumir responsabilidades e pedir desculpa pelas vítimas mortais provocou uma enorme onda de indignação entre os portugueses. A arrogância do secretário-geral do PS e actual primeiro-ministro que pensa estar acima de qualquer escrutínio e não ter de prestar contas a ninguém, atingiu os limites do admissível.
António Costa, mais preocupado com os calculismos políticos e com as maquinações que terá de fazer para ir-se perpetuando no poder e incapaz de assumir as suas responsabilidades como Chefe do Governo perante esta tragédia, tal como lhe competia, desrespeitou deliberadamente não só as famílias das vítimas mas todos os portugueses.
Face à total desresponsabilização de António Costa, foi o Chefe de Estado que garantiu no seu discurso de terça-feira passada a autoridade e a respeitabilidade do Estado.
No artigo de opinião no jornal Sol - "António Costa está ferido de morte (e Marcelo sabe-o)", João Lemos Esteves comentou o alcance político do discurso do Presidente da República.
Afirmava ele: “Se não fosse o Presidente da República, assistiríamos a uma quebra, muito provavelmente, irrecuperável da confiança entre o Estado português e os cidadãos. Todos, quer sejam militantes do PS, do PSD, do CDS, do PCP, do Bloco de Esquerda ou de qualquer outro partido – a incompetência e a falta de sentido de Estado de António Costa chocaram qualquer cidadão que não seja sectário ou dependente funcionalmente do líder do Primeiro-Ministro.
Para nós, o que sucedeu não foi surpresa alguma: António Costa já cometeu actos muito graves, de incompetência atroz, desde que assumiu funções como Primeiro-Ministro.
No entanto, a protecção de que tem gozado – fruto de ter a extrema-esquerda na sua mão, bem como dos seus vastos conhecimentos na comunicação social – levou António Costa a julgar que estaria sempre acima de qualquer fatalidade.
(…)
Como poderemos ficar surpreendidos com a arrogância de António Costa hoje – quando foi este mesmo António Costa que, após as mortes de Pedrógão Grande, foi de férias para Palma de Maiorca?
Como poderemos ficar chocados com a frieza, a insensibilidade humana de António Costa – quando foi este mesmo António Costa que, após as mortes de Pedrógão Grande, a sua primeira iniciativa foi realizar um “focus group” para testar a sua popularidade e do seu Governo?
Espera-se que a complacência com este Governo acabe de vez: quando a comunidade se demite de escrutinar o executivo, como tem sucedido relativamente à geringonça, a sobranceria e a arrogância do Primeiro-Ministro começam a ultrapassar os limites humanamente admissíveis.”
Muito provavelmente, António Costa irá continuar durante os próximos meses a eximir-se às suas responsabilidades, “prosseguindo o seu estado de negação da evidência” relativamente às tragédias dos incêndios e isentando o seu governo de qualquer responsabilidade política. Essa atitude irá conduzir, inevitavelmente, ao desgaste e à descredibilização do seu Executivo aos olhos dos portugueses, ficando nas mãos do Chefe do Estado a decisão da demissão do governo da geringonça, situação que terá sido ponderada por Marcelo Rebelo de Sousa.