29 de outubro de 2008

"Dois Pesos" e "Duas Medidas" - Paródia dos Gato Fedorento à liturgia da Igreja Católica


Recentemente, no programa Zé Carlos, transmitido na SIC, os Gato Fedorento, numa aparente atitude de ridicularização do governo chefiado pelo Eng.º José Sócrates e da propaganda desenvolvida pelo mesmo para a divulgação do tão falado e controverso computador Magalhães, mais não fizeram do que uma enorme acção de propaganda que acabou por beneficiar o próprio Governo, recorrendo para tal fim a uma paródia à liturgia da Igreja Católica.

Com efeito, a pretexto da apresentação de uma acção de formação sobre a utilização do computador Magalhães, os Gato Fedorento decidiram apresentar o sketch “Louvado sejas, ó Magalhães” onde se faz uma paródia da Santa Missa, das Sagradas Escrituras e não hesitaram até em burlar-se da Sagrada Eucaristia. Tudo em nome do humor e da aparente crítica ao governo.

É curioso notar que, em Portugal, a Igreja e a religião católica vão sendo, de forma gradual e cada vez mais intensa, alvos de ataques públicos: sejam invectivas ideológico-políticas contra os seus princípios e ensinamentos, sejam referências burlescas como as agora apresentadas na SIC. Tudo em nome da tolerância e das liberdades democráticas.

Infelizmente, tais factos não ocorrem de forma isolada. Fazem parte, a meu ver, de um menosprezo, por vezes agressivo, por vezes irónico pelos valores éticos, morais e religiosos que, de modo paulatino, vai alastrando à vida política e social portuguesa. Um silencioso trabalho de erosão dos fundamentos cristãos da nossa sociedade.

Imagine agora que os Gato Fedorento tivessem optado por fazer o referido sketch televisivo com um enquadramento visual de uma mesquita, parodiando a religião islâmica e atacando os ensinamentos do Alcorão.

Suscitariam, de imediato, a fúria incontida de certos círculos muçulmanos. Num segundo momento, receberiam inúmeras críticas, provenientes sobretudo de uma certa esquerda anti-Ocidental, e até de agnósticos que considerariam o facto como uma ofensa à dignidade e aos sentimentos religiosos da minoria islâmica. Recordo aqui o alarido provocado em 2005, quando um jornal dinamarquês decidiu publicar algumas caricaturas de Maomé. Na altura a publicação dessas caricaturas originou uma acesa polémica e provocou incidentes diplomáticos em vários países do Ocidente.

Estou certo que, caso o conteúdo do referido sketch tivesse sido um ataque à religião Islâmica, certos meios de comunicação social, sobretudo de âmbito nacional, desenvolveriam todos os seus esforços para manter um aceso debate em torno de tal facto. Muitos deles censurariam de forma enérgica uma tal agressão, condenariam a ofensa, ou lastimariam o mau gosto de tal conduta, considerada hostil ao Islão.

Entretanto, tais inconformidades não se manifestam quando o alvo é a Igreja Católica, os seus sacramentos e os seus ritos. No actual contexto da nossa sociedade, tudo parece ser normal e aceite sem qualquer crítica, quando se trata de atacar a Igreja Católica. Apenas uma brincadeira para atacar o governo, afirmarão alguns inocentes úteis.

Até alguns católicos, ditos progressistas, condenariam de imediato uma eventual chacota ao Islão e ao Alcorão, mas, ficam surpreendentemente silenciosos quando o alvo é o Catolicismo, os seus ritos e tradições.

Uma tal atitude é bem reveladora de "dois pesos" e "duas medidas". Relativamente a certos factos, assiste-se a tomadas de posição públicas e mediáticas desmesuradas; relativamente a outros, assiste-se a uma incompreensível apatia de amplos sectores da sociedade e a uma ausência quase completa de repercussão dos mesmos por parte de certos meios de comunicação social.

Analise esta atitude de "dois pesos" e "duas medidas", esta estranha diferença de reacções e veja se ela não encontra também algum eco na sua forma de pensar e de sentir?