22 de novembro de 2012

AS DECLARAÇÕES DE ISABEL JONET À SIC E OS PRECONCEITOS IDEOLÓGICOS DA ESQUERDA

  
  Nos próximos dias 1 e 2 de Dezembro terá lugar, uma vez mais, em várias cidades do país a campanha anual do Banco Alimentar contra a fome. Esta iniciativa decorre há 20 anos, graças à determinação e à iniciativa de Isabel Jonet, Presidente dos 19 Bancos Alimentares integrados por inúmeros voluntários e que, diariamente, distribuem por todo o país mais de 100 toneladas de alimentos para fazer chegar às pessoas mais carenciadas bens de primeira necessidade.

  Numa entrevista concedida por Isabel Jonet à SIC Notícias, no dia 6 de Novembro, que teve como tema de fundo a acção dos Bancos Alimentares, e onde foi abordado o momento de emergência social que se vive actualmente em Portugal e o enorme ajustamento económico a que o país está sujeito, a Presidente daquela instituição realçou a necessidade de Portugal se libertar da omnipresença do Estado na sociedade. Ou seja, a necessidade de grande parte das empresas portuguesas deixar de viver dependente das garantias dadas pelo Estado para a realização dos seus negócios, situação que, em última análise, acaba por não ser boa nem para a sociedade nem para a economia, uma vez que não é geradora de riqueza.

  A determinada altura da entrevista, a Presidente do Banco Alimentar afirmou: “Temos de aprender a viver mais pobres.”  Com esta afirmação, não era certamente intenção de Isabel Jonet transmitir a ideia de que os portugueses têm de viver pobres. Ela queria tão-somente referir-se à necessidade de os portugueses se habituarem a viver nos próximos anos com mais parcimónia, aprendendo a dar mais valor ao dinheiro ganho e a evitarem o desperdício.

  Ora, uma tal afirmação feita certamente sem segundas intenções, foi o suficiente para desencadear um coro de protestos em vários sectores da esquerda que rapidamente se apressaram em espalhá-la pelas redes sociais, deturpando o seu sentido, tentando com isso ridicularizar Isabel Jonet e acusando-a de fazer caridadezinha, acabando, em última análise, por desencadear uma campanha pessoal contra a Presidente do Banco Alimentar. Ao fazê-lo acusaram-na de insensibilidade social, e houve até pessoas que chegaram a pedir a sua demissão daquela instituição.

  O coro de protestos da esquerda contra as palavras proferidas por Isabel Jonet foi de tal forma amplificado pelos media, que se chegou ao ponto de, numa atitude claramente fundamentalista, incitar as pessoas a não contribuírem este ano com donativos para a campanha do Banco Alimentar.

  A este propósito, é oportuno recordar o excerto de um texto de Isabel Jonet, publicado no passado dia 20 na página do FB na comunidade Isabel Jonet, 20 anos a alimentar Portugal: “As considerações teórico-politico-filosóficas são absolutamente inúteis se em nada servirem para colmatar o problema de que aqui se trata: a fome… temos de ter sempre presente a ideia de bem-comum [….] “Para aqueles que dantes contribuíam para o Banco Alimentar e que agora se propõem a não dar nada, peço que façam o exercício de saber separar a pessoa da instituição, são coisas diferentes. Não me parece que faça muito sentido, deixar de ajudar por 6 minutos de discurso; as pessoas que passavam fome, continuam a passar, e continuam a precisar de ajuda.” 

  No presente momento de ajustamento económico que Portugal está a viver, a acção de instituições como o Banco Alimentar é crucial para alguns sectores da sociedade mais carenciados. Perante tal situação, considero que o incitamento radical e fundamentalista de alguns sectores da esquerda, com base em preconceitos meramente ideológicos, para que os portugueses não contribuam com donativos para a campanha do Banco Alimentar, revela, isso sim, uma atitude de total insensibilidade social para com as pessoas mais necessitadas, em última análise uma atitude que procura obter única e exclusivamente dividendos políticos.

   É fundamental que os portugueses continuem a apoiar esta iniciativa louvável que já tem duas décadas de existência e não se deixem influenciar pelas vozes sedutoras daqueles que, de uma maneira fácil e irresponsável, incitam continuamente à revolta e à agitação e pouco se preocupam com as pessoas mais carenciadas.