Fonte: tvi24.iol.pt
No Jornal das 8 da TVI, da passada quinta-feira, dia 21, emitido a partir das instalações do novo Museu Nacional dos Coches, que seria inaugurado dois dias depois, o tema de fundo foi a inauguração deste novo espaço museológico.
No início desse telejornal, o pivô José Alberto Carvalho optou por dar destaque especial, entre as muitas peças transferidas para as novas instalações do Museu dos Coches, ao Landau Real.
Foi também junto do Landau Real em que seguiam, a 1 de Fevereiro de 1908, Sua Majestade El-Rei Dom Carlos I, a Rainha Dona Amélia, o Príncipe Real Dom Luís Filipe e o Infante Dom Manuel, os quais foram alvo de um cobarde atentado perpetrado por Manuel Buíça, no Terreiro do Paço, que José Alberto Carvalho optou por terminar o Jornal das 8, tendo na ocasião lido excertos do testamento de Manuel Buíça, um dos regicidas.
Causou-me enorme apreensão constatar que José Alberto Carvalho tivesse lido um texto que incita ao uso da violência. Como referia a propósito deste episódio, Henrique Raposo na sua crónica de dia 26 no Expresso on-line: “O final deste telejornal especial funcionou como uma legitimação do assassínio enquanto arma política.”
Embora José Alberto Carvalho se tenha referido ao crime perpetrado por Manuel Buíça como “homicídio” e “assassínio”, afirmou: “está sempre tudo por dizer em relação ao sonho e à mudança” dando provavelmente aos telespectadores a ideia de que certos meios poderão ser legítimos para atingir determinados fins, tal como teria sido justo, aceitável ou até mesmo heróico e abnegado o uso da violência para impor um regime - a República - que tem no seu código genético a ilegitimidade, uma vez que El-Rei Dom Carlos era o Chefe de Estado no exercício do poder, conforme a Constituição vigente.
Para concluir, recordo aqui as palavras de Francisco Sousa Tavares a propósito do Regicídio: "O sangue inutilmente derramado por D. Carlos e D. Luís Filipe pesa sobre nós como herança macabra…Vingaremos o sangue de El-Rei D. Carlos no dia em que soubermos, pelos caminhos perdidos da Tradição, reencontrar a alma do povo e a face da Pátria".
Talvez esse reencontro fosse mais adequado “ao sonho e à mudança” que queremos para Portugal, sem recurso à violência, ao assassinato e à revolução…