Existe actualmente uma queixa generalizada por parte, quer de encarregados de educação quer de professores, de que o sistema de ensino oficial em Portugal está mau, que o grau de exigência a nível dos conteúdos de aprendizagem é cada vez menor e que vão aumentando as atitudes de falta de respeito dos alunos em relação aos professores na generalidade das escolas espalhadas pelo país. Tal situação parece não ter um fim à vista enquanto não houver a frontalidade, tanto por parte do Governo, como das famílias e da sociedade em geral, para analisarem e encararem com coragem aquilo que está na origem dos graves problemas existentes no sistema de ensino. A meu ver, a solução para este grave problema passa sobretudo por uma nova concepção do sistema de educação, devendo a mesma ser esvaziada de certos preconceitos ideológicos de forma a possibilitar um desenvolvimento cultural e social autêntico e benéfico para o País.
Com efeito, o desenvolvimento cultural e social de um país deve ser avaliado em grande medida pela qualidade do ensino que é ministrado desde a escola primária, nomeadamente nas escolas do ensino público oficial. Um sistema de ensino eficaz e correctamente estruturado constitui um dos pilares de uma sociedade harmoniosa e justa.
Nos anos que se seguiram ao 25 de Abril de 1974, a generalização do ensino a toda a população constituía um dos objectivos do novo regime então instaurado. Tal medida era em si mesma benéfica, pois permitiria com o decorrer do tempo fazer aumentar o grau de conhecimentos e o nível de instrução cultural das populações.
No entanto, a par da generalização do ensino gratuito a toda a população, foi-se instalando gradual e paulatinamente, sobretudo desde 1975, e em grande medida devido à acção perniciosa do Partido Comunista, um sistema de ensino baseado essencialmente na ideologia e na filosofia marxistas que visava minar e transformar a organização social instituída, tendo começado precisamente por operar uma transformação lenta, progressiva e radical em todos os agentes do sistema de educação. Tal transformação foi secundada de forma geral pelos partidos da esquerda.
A propagação das teorias marxistas acabou por influenciar não apenas os conteúdos programáticos de algumas disciplinas, e de forma muito particular a disciplina de História, facto que perdura até hoje, tendo também acabado por minar por completo o próprio princípio de autoridade e de respeito pela hierarquia que deveria existir nas escolas e no sistema de educação em geral. Desde então, e a pretexto de tomadas de posição baseadas no princípio da liberdade democrática, a qual deve pressupor sempre uma atitude responsável, foi-se assistindo gradualmente, na generalidade das escolas, à substituição desse mesmo princípio por uma atitude generalizada de libertinagem em tudo contrária ao princípio da liberdade exercida com responsabilidade. A autoridade dos professores começava então a ser posta em causa, situação que de certa forma vai perdurando até aos dias de hoje.
Nos últimos meses, os Portugueses têm assistido a uma autêntica “guerra civil” entre a Ministra da Educação e a grande maioria dos professores de todo o país, a pretexto do modelo de avaliação de desempenho que o Ministério da Educação está a tentar impor-lhes. Tal modelo de avaliação, segundo a ministra, visa aperfeiçoar o sistema de educação em geral, pôr termo a três décadas de laxismo no ensino e exigir mais responsabilidades aos docentes no exercício da sua profissão.
É curioso verificar que seja precisamente o Partido Socialista, ao qual deve atribuir-se parte da responsabilidade pelo actual laxismo existente no ensino em Portugal, que venha agora reclamar uma pretensa mudança no sistema de ensino a ser implementada em poucos meses.