25 de junho de 2015

OS SOCIALISTAS E A PARTILHA DE CONSULADOS E EMBAIXADAS ENTRE LISBOA E MADRID

Fonte: www.iratxegarcia.es 

ESTRATÉGIA ELEITORALISTA DE ANTÓNIO COSTA OU
 FALTA DE SENTIDO DE ESTADO DE UM CANDIDATO A PRIMEIRO-MINISTRO? 


   Na passada sexta-feira, dia 19, os líderes socialistas de Portugal e Espanha assinaram em Lisboa um documento pelo qual se comprometem, caso venham a ser chefes de governo nos respectivos países, a “estreitar de tal modo os laços” que muitas políticas passarão a ser definidas e implementadas em comum.

   Pedro Sánchez e António Costa comprometem-se a implementar: “um programa de reformas e políticas comuns para a promoção do desenvolvimento económico, social e de Cidadania Europeia”.
 
   Entre as diversas áreas abrangidas por políticas comuns de futuros governos liderados por socialistas em Lisboa e Madrid estão a cultura, o mercado Ibérico, a cooperação entre regiões transfronteiriças, os transportes e a política externa europeia.

   Relativamente à política externa, os dois líderes socialistas comprometem-se a partilhar consulados e embaixadas.

   É fácil concluir que a partilha de embaixadas e consulados entre Portugal e Espanha traria sobretudo vantagens para o país vizinho em termos comerciais, mas também do ponto de vista estratégico.
 
   Ou seja, Espanha passaria a beneficiar da situação privilegiada de muitos consulados e embaixadas portuguesas espalhadas pelo mundo, para dessa forma ir acentuando a sua posição estratégica em termos comerciais, e afirmando-se, em termos culturais, no espaço da lusofonia. Não podemos esquecer-nos do papel preponderante que desempenham as embaixadas de Portugal nos países africanos que formaram o antigo Império Ultramarino Português, em particular Angola, Moçambique e Guiné.
 
   Além disso, os interesses estratégicos de Portugal e Espanha são, desde há séculos, divergentes e por vezes antagónicos, em resultado de um conjunto de factores determinantes, como a evolução histórica, política, e cultural, sobretudo a partir da época dos Descobrimentos Portugueses.

   Segundo António Costa, a partilha de embaixadas e consulados traria vantagens para Portugal em termos de política externa.
 
   Confesso que fiquei atónito ao tomar conhecimento das propostas de António Costa sobre política externa.
 
   Em minha opinião, tais propostas, caso viessem um dia a tornar-se efectivas, seriam bem reveladoras da submissão dos interesses do Estado português em termos de política externa aos interesses do executivo de Madrid.
 
   Estará porventura o candidato do PS a primeiro-ministro a sugerir a reedição de uma União Ibérica no que toca à definição de uma política externa conjunta para Espanha e Portugal, a ser implementada pelos governos de Lisboa e Madrid?
 
   Se assim for, António Costa, revela uma submissão aos interesses estratégicos de Madrid e simultaneamente uma total ausência de sentido de Estado. Por conseguinte, parece-me não ter condições de algum dia vir a ocupar o cargo de primeiro-ministro de Portugal.
 
 


18 de junho de 2015

ESPANHA - AGENDA RADICAL ESCONDIDA DO 

"PODEMOS" NA GALIZA?   



Oferenda das sete cidades do Antigo Reino da Galiza ao Santíssimo Sacramento
Fonte: www.turgalicia.es
   
   Muito perto de nós, na vizinha Galiza, existe uma tradição multissecular celebrada anualmente na cidade de Lugo. É a Oferenda ao Santíssimo Sacramento das sete cidades que constituíam o Antigo Reino da Galiza: Lugo, A Coruña, Santiago de Compostela, Ourense, Mondoñedo, Betanzos e Tui. Trata-se do único acto público relativo ao Antigo Reino da Galiza que perdura há séculos na tradição cultural e religiosa do povo galego.

   No entanto, a legitimidade desta tradição foi recentemente posta em causa pelos Presidentes de Câmara de Santiago de Compostela, La Coruña e Ferrol, eleitos pelas listas do PODEMOS ou de plataformas políticas da área ideológica do PODEMOS.

   Usando o argumento da ‘laicidade’ do Estado os referidos Presidentes de Câmara recusaram-se a participar no acto público da Oferenda das Setes Cidades ao Santíssimo Sacramento.
 
   Tal atitude provocou de imediato um aceso debate na sociedade galega e originou a publicação de uma carta dos Bispos da Província Eclesiástica de Santiago em resposta ao desprezo público dos referidos Presidentes de Câmara pela tradição da Oferenda das Sete Cidades.

   Nessa carta, os bispos galegos referem: “A ‘laicidade’ do Estado respeita e promove a variedade de convicções existentes na sociedade. Esta, por definição, nunca será ‘laica’, visto que as pessoas não podem ser neutras e privadas de uma forma de visão do mundo, de terem um credo, convicções ideológicas ou religiosas.

   Por outras palavras, as instituições do Estado que não professem uma fé específica, têm de reconhecer, por sua vez, que estão ao serviço de uma sociedade que professa sempre uma fé.” E pode ler-se mais à frente: “A ‘laicidade’ do Estado seria destruída, no entanto, se se tentasse fazer das instituições políticas instrumento para a imposição da própria ideologia ou religião à sociedade e ao povo que se deve servir.”

   Equivale isto a dizer, que um representante político eleito quando participa de um evento público não o faz para expressar as suas convicções ideológicas pessoais, mas sim no exercício da sua função pública específica. Afirmam ainda os prelados galegos que “não compete ao Estado excluir os cristãos e as suas celebrações do âmbito público e reduzi-las à esfera privada”. Compete-lhe, isso sim, apoiá-las, sobretudo quando se referem a actos “com raízes muito profundas na sua história.”

   Porquê então o desprezo tão ostensivo dos Presidentes de Câmara de Santiago de Compostela, La Coruña e Ferrol por esta tradição multissecular tão arreigada no povo galego?
 
   Terão os representantes eleitos pelo PODEMOS, na Galiza e em outras regiões de Espanha, uma agenda radical escondida, com o objectivo de ir fazendo definhar na sociedade espanhola o sentimento de adesão às profundas tradições religiosas católicas, para, em seu lugar, ir impondo novos cerimoniais imbuídos do espírito de um laicismo militante, e dessa forma impor uma religião e uma ideologia de Estado?

   Pense nisto, caro ouvinte.


5 de junho de 2015

"O ISLÃO E O OCIDENTE - A GRANDE DISCÓRDIA"
   
Fonte: wook.pt
   
  Caro ouvinte, hoje venho falar-lhe de um livro. Trata-se to último trabalho publicado recentemente por Jaime Nogueira Pinto, O Islão e o OcidenteA grande discórdia - um dos títulos em destaque na 85ª Feira do Livro de Lisboa que decorre até dia 14 de Junho.

   No primeiro capítulo - Em nome da Alá o Misericordioso - Jaime Nogueira Pinto começa por fazer-nos um relato detalhado do contexto em que ocorreu a execução do jornalista norte-americano James Foley por membros do Estado Islâmico, afirmando: “Quem são os autores desta desalmada violência? Em que acreditam? Alguém os comanda? Quem? O que os leva a esta orgia de sangue e exibicionismo, a lembrar crónicas concentracionárias, cenas da Antiguidade, limites da perversidade humana?”

   De seguida, o autor transporta-nos até às origens do Islão e aos seus fundadores, à Espanha Muçulmana, às Cruzadas e ao Reino de Jerusalém.

   Ao longo da obra, Jaime Nogueira Pinto, vai apresentando ao leitor as relações entre o Islão e o Ocidente, as divisões dentro do Islão e os “perigos e os encantos da ocidentalização”.

   Aborda também, entre muitos outros temas, a questão do Nacionalismo Árabe, a nova ordem no Médio Oriente, a radicalização da Palestina e as Primaveras Árabes.

   No penúltimo capítulo - A Frente Laica da Guerra Santa - o autor começa por fazer um relato minucioso dos recentes e bárbaros atentados de Paris, a 7 de Janeiro deste ano, na sede do jornal satírico Charlie Hebdo, facto que, segundo as suas palavras: “...moveu e comoveu mais os europeus do que a chacina das crianças e jovens do Colégio Militar de Peshawar, do que as mulheres escravizadas ou massacradas pelo Boko Harém na Nigéria, do que os egípcios coptas decapitados ritualmente, do que os cristãos crucificados às centenas no Iraque e na Síria”.

   Apresenta-nos depois de forma detalhada a distribuição dos muçulmanos a nível mundial, e a convivência dos mesmos com as culturas laicas dos países ocidentais, dando especial destaque à França, a “pátria do laicismo militante”, onde desde 2004 foi proibida a ostentação de símbolos religiosos nas escolas.

   Sugiro-lhe, pois, a leitura desta obra, essencial para perceber os avanços e recuos do mundo islâmico e a sua convivência com o Ocidente ao longo dos séculos.

   Boa leitura.