4 de julho de 2013

A solução da crise política na coligação e a necessidade de antepor os interesses nacionais aos calculismos políticos e partidários

Fonte: tvi.iol.pt 
De há alguns anos a esta parte, tem-se vindo a registar um sentimento de crescente distanciamento de amplos sectores da sociedade portuguesa relativamente à classe política, facto que se tem reflectido no aumento progressivo dos valores da abstenção em actos eleitorais.
Com efeito, o fosso que separa os eleitores daqueles que elegeram para os representar vai sendo cada vez maior, acabando por gerar um sentimento de desconfiança e descrença generalizadas dos cidadãos relativamente à política e aos políticos.
Tal como referi este ano no Discurso pelo Grupo Parlamentar do CDS-PP na Sessão extraordinária da Assembleia Municipal de Vila Real, no dia 25 de Abril, essa atitude embora não sendo desejável, é totalmente compreensível, visto que em muitas ocasiões os cidadãos não se sentem devidamente representados.
Um tal fenómeno, transversal a todo o espectro político, deveria ser objecto de uma séria e profunda reflexão da classe política portuguesa no seu todo, com particular destaque para as estruturas partidárias e respectivas lideranças.
Frequentemente, os portugueses assistem atónitos a episódios de pequena política, a jogadas de bastidores e a guerras partidárias que em nada contribuem para a paz social e para o progresso económico de Portugal. Em muitas ocasiões, esses episódios resumem-se a atitudes de mero calculismo político dos líderes partidários, factos que a opinião pública vai percepcionando cada vez mais como negativos para o país, uma vez que os jogos e interesses partidários, regra geral, prevalecem sobre o interesse nacional, quando deveria ser exactamente o contrário.
A recente crise política, desencadeada com a demissão do Ministro de Estado e das Finanças Vítor Gaspar, e agravada com o inesperado pedido de demissão do também Ministro de Estado e Ministro dos Negócios Estrangeiros, Dr. Paulo Portas, não está a ser bem acolhida pela sociedade portuguesa nem pelas instâncias internacionais responsáveis pelo programa de assistência financeira a Portugal.
Após dois anos de intensos sacrifícios que têm sido pedidos aos portugueses pelo Executivo PSD-CDS-PP e a que os portugueses têm dado uma resposta positiva, por acreditarem que esses sacrifícios são necessários para ajudar a tirar o país do caos financeiro herdado da gestão irresponsável dos Executivos socialistas, nada faria antever que o Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, cuja actuação tem sido determinante e decisiva na diplomacia económica do actual governo de coligação, viesse agora pedir a sua demissão ao Primeiro-Ministro, aparentemente, por divergências políticas relativamente à condução da Dra. Maria Luís Albuquerque como sucessora de Vítor Gaspar na pasta das Finanças.  
A atitude, a meu ver, precipitada do pedido de demissão do Dr. Paulo Portas, desencadeou de imediato um sentimento de desconfiança nos credores internacionais, fazendo disparar os juros da dívida e provocando enormes perdas nas empresas cotadas no PSI-20.
Tal como afirmava ontem à imprensa Filipe Anacoreta Correia: "Esta decisão do doutor Paulo Portas é uma decisão irreflectida, incoerente e totalmente irresponsável” (…) Acho que nós temos que fazer todo o esforço para pôr o país acima do partido e as circunstâncias pessoais de cada um subordinadas ao interesse do partido e ao interesse do país. Foi assim que o doutor Paulo Portas sempre afirmou que faria e é isso que nesta altura nós temos também que fazer". Recordo que Filipe Anacoreta Correia é o primeiro subscritor da Moção “Alternativa e Responsabilidade” a apresentar ao XXV Congresso do CDS-PP que terá lugar nos próximos dias 6 e 7 na Póvoa de Varzim.
A acrescer à recente crise política no seio da coligação no Governo, os portugueses assistem ao líder do Partido Socialista, numa atitude totalmente irresponsável e de calculismo político, a apelar à realização de eleições legislativas antecipadas, sabendo ele que uma tal solução pode conduzir Portugal a uma situação idêntica à da Grécia.
Desenganem-se pois aqueles que ainda acreditam nas palavras falaciosas do líder do PS que, à falta de ideias concretas para o País, tenta iludir os portugueses com promessas vãs que, em resultado do programa de assistência externa, sabe que não poderá cumprir. 

Seria desejável que a crise política no seio da coligação no Governo fosse solucionada com a maior brevidade, de forma responsável e com elevado sentido de Estado, pelos responsáveis dos dois partidos da coligação, a bem dos superiores interesses de Portugal e de todos os portugueses.