30 de dezembro de 2010

Retrospectiva sobre o Ano 2010


O clima de euforia normalmente visível durante as festas de Passagem de Ano, com a esperança num Novo Ano melhor que o ano que termina, faz-nos por vezes esquecer algumas apreensões que marcaram o ano de 2010 e outras que se podem perspectivar para o Novo Ano que vai começar.

  Deste modo, torna-se quase obrigatório fazer uma retrospectiva sobre o Ano de 2010.

  Sendo impossível abranger pormenorizadamente todos os acontecimentos de relevo que marcaram 2010, optei por seleccionar alguns que considero mais significativos quer do ponto de vista nacional quer internacional.

  Um dos factos do ano de 2010, em Portugal, são as Comemorações do Centenário da República.

  Em minha opinião, estas comemorações ficaram marcadas por dois aspectos que quero destacar. Por um lado, foi possível constatar que a adesão da população às comemorações foi praticamente nula. Como afirmaram alguns comentadores políticos, o Centenário da República foi comemorado pelas entidades oficiais, mas não pela sociedade.

  A razão de ser dessa falta de adesão da sociedade às comemorações do Centenário prende-se, a meu ver, com o segundo aspecto, ou seja, com o carácter eminentemente jacobino que rodeou muitos dos eventos.

  De forma hábil, os responsáveis pelas comemorações do Centenário, limitaram-se a celebrar o período da 1ª República, omitindo, por conveniência política quase meio século da História de Portugal que correspondeu à 2ª República, ou Estado Novo.

  Além disso, as comemorações do centenário ficaram ainda marcadas pelo espírito sectário da República com a promulgação do pseudo-casamento homossexual. Nas palavras de Vale de Almeida, o deputado da esquerda radical ao serviço do Partido Socialista, que apresentou esta lei, referiu que a mesma foi proposta como expressão do Centenário. Acrescentaríamos nós, como expressão ideológica do centenário.

  Para além das comemorações do Centenário, não poderia deixar de mencionar um outro facto que terá repercussões negativas em toda a sociedade portuguesa durante o ano de 2011. Refiro-me à confirmação dos piores prognósticos sobre a nossa situação económico-financeira. Paralelamente a essa situação, os portugueses vão-se apercebendo das mentiras oficiais difundidas pela máquina de propaganda do Governo Socialista, na tentativa de esconder o seu fracasso político.

  Esta gravíssima crise que se vive em Portugal, inserida na actual crise do modelo europeu e à qual não é alheio o fracasso do Estado social, veio levantar a discussão sobre um tema que há dez anos atrás parecia impossível, ou seja, saber se o Euro é viável ou não.

  A nível europeu, vai sendo cada vez mais perceptível que as esquerdas continuam sem um discurso coeso e credível perante as opiniões públicas, dado que o seu modelo de sociedade, assente numa forte presença do Estado Social, deixou de entusiasmar amplos sectores conservadores de Direita que se vão afirmando gradualmente por toda a Europa e consequentemente ganhando eleições em vários países.

  É curioso constatar que, perante as novas propostas conservadoras de Direita que vão surgindo um pouco pela Europa fora, começou a renascer durante os últimos meses deste ano o terrorismo de extrema-esquerda patente nos recentes atentados a embaixadas em Roma e, anteriormente na Grécia.

  Um dos factos, senão o facto mais importante, a nível internacional durante o ano 2010 foi a reviravolta política que se operou nos Estados Unidos com as recentes eleições intercalares.

  Barack Obama que há dois anos ao vencer as eleições para a Presidência dos Estados Unidos, aparecia aos olhos do povo americano como protagonista de uma nova era de prosperidade para os Estados Unidos, acabou por ser duramente derrotado nas referidas eleições, em resultado da acção eficaz do Partido Republicano que, em conjunto com o movimento Tea Party penalizaram duramente a política económica dos Democratas.

  A terminar, cito um facto de extrema importância ocorrido em Portugal, com repercussão em todo o mundo, sobretudo no mundo católico, e que encerra um sinal de esperança e nos deve dar algum alento.  

  Refiro-me à Peregrinação do Papa Bento XVI a Fátima, e à sua visita às cidades de Lisboa e Porto onde foi recebido por enormes multidões.

  A fazer fé nas notícias difundidas por muitos meios de comunicação quer nacionais quer estrangeiros antes da visita do Papa, a referida visita seria desfavorável a Bento XVI em vista de recentes divulgações sobre escândalos sexuais na hierarquia da Igreja Católica.

  No entanto, a visita do Papa a Portugal teve uma repercussão radicalmente diferente daquela que era vaticinada por muitos opinion-makers, a ponto de um prestigiado vaticanista francês ter afirmado que o ambiente religioso na Europa acabou por receber um influxo favorável, provindo da recepção que os portugueses deram a Bento XVI, contra todas as previsões.

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