28 de outubro de 2010

A reviravolta nas eleições brasileiras


 No próximo Domingo dia 31, terá lugar a segunda volta das eleições presidenciais no Brasil, das quais resultará a eleição do próximo presidente, José Serra ou Dilma Roussef.

  Quem acompanha com atenção a política doméstica brasileira e os últimos desenvolvimentos da campanha eleitoral, apercebe-se de imediato que esta eleição é de crucial importância para o futuro do Brasil e também para a sua relação com toda a comunidade internacional, embora alguns sectores dos média pretendam desvalorizar a importância da mesma, considerando que não haverá alterações de fundo nas políticas a serem implementadas pelo próximo Presidente do Brasil, sobretudo no caso do candidato eleito ser Dilma Roussef.

  A maior parte dos analistas e comentadores políticos, tanto nacionais como estrangeiros, bem como os institutos de pesquisa, davam como certa a vitória arrasadora de Dilma Roussef logo à primeira volta. Garantiam que os bons resultados da economia asseguravam uma eleição sem sobressaltos e sem debates de fundo.

  No entanto, para surpresa geral, os temas morais e religiosos tomaram conta da cena política. A descriminalização do aborto, a aprovação do casamento homossexual, a eliminação de símbolos religiosos em locais públicos, pontos da agenda da candidata do Partido dos Trabalhadores (PT), do presidente Lula, foram levantados por sectores católicos – inclusive com a intervenção enérgica de alguns sacerdotes e Bispos – e posteriormente por sectores protestantes, dando origem a vastos movimentos de reacção por parte da opinião pública, que resultaram na necessidade de uma 2ª volta para a decisão das eleições.

  Dentre os vários temas levantados antes e durante a campanha por movimentos da sociedade civil, destaco o PNDH 3 - Plano Nacional dos Direitos Humanos, um polémico decreto do presidente Lula, de forte cariz socialista e colectivista que o PT pretende implementar no Brasil, caso a candidata Dilma Roussef venha a ser eleita.

  O referido Plano Nacional dos Direitos Humanos suscitou em vastos sectores da sociedade brasileira, o temor do fim da liberdade de imprensa, de um gradual enfraquecimento do direito de propriedade, da subversão das instituições do Estado de Direito e até da perseguição religiosa.

  Tal como se pode ler hoje no principal jornal diário brasileiro, Folha de São Paulo, em artigo assinado pelo Príncipe Dom Bertrand de Orléans e Bragança: “As ameaças do PNDH-3 fizeram vislumbrar o gérmen da perseguição religiosa, ao pretenderem subverter os fundamentos cristãos que ainda pautam a sociedade e tutelar sectariamente os indivíduos.”
 
  A introdução dos temas morais e religiosos na campanha da 2ª volta teve como resultado a intervenção de diversas vozes do episcopado que alertavam os católicos a não darem o seu voto à candidata do PT. Tal intervenção, gerou fortes pressões do Governo Lula sobre esses eclesiásticos, até mesmo com rusgas policiais para a apreensão de mais de 1 milhão de exemplares de um desses alertas.

  Foi também por este motivo que o Papa Bento XVI incentivou hoje os bispos brasileiros a não terem medo de emitirem juízos morais mesmo em matérias políticas.

  O panorama político no Brasil encontra-se completamente alterado, com uma reviravolta imposta por importantes sectores da sociedade às máquinas oficiais, sejam elas partidárias ou mediáticas. Este facto é mais importante do que saber quem ganhará a eleição do próximo domingo.

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