15 de outubro de 2015



ANTÓNIO COSTA E A PERVERSÃO DAS REGRAS DA DEMOCRACIA PARLAMENTAR

UMA ESTRATÉGIA RADICAL DE CONQUISTA DO PODER QUE AFRONTA A VONTADE CLARA DE MAIS DE 2 MILHÕES DE PORTUGUESES QUE DERAM  A VITÓRIA NAS URNAS À COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


   A última semana tem sido marcada pela agitação mediática protagonizada pelo líder do Partido Socialista e pelos líderes da extrema esquerda, desencadeada após o pedido do Chefe de Estado ao Dr. Pedro Passos Coelho para que encontrasse uma solução de governabilidade para a próxima legislatura.
   
   É lamentável a encenação pós-eleitoral que tem sido levada a cabo pelo Dr. António Costa. Contra a opinião de vários analistas políticos, economistas e até de destacados membros do PS, Costa insiste na narrativa de que só um governo à esquerda liderado pelo PS garantirá a estabilidade necessária para a próxima legislatura.

   Os mais de dois milhões de portugueses que votaram na coligação vencedora das eleições, bem como amplos sectores da sociedade portuguesa assistem atónitos e apreensivos à atitude do líder do PS que, teimando em não reconhecer a derrota sofrida pelo Partido Socialista, tenta por todas as formas, através do espaço mediático, condicionar e chantagear politicamente os líderes da coligação Portugal à Frente e simultaneamente condicionar a escolha do Presidente da República para a formação do próximo governo de Portugal, pensando que com isso poderá obter grandes dividendos políticos.
   
   Em minha opinião, António Costa não hesitará um único segundo em aliar-se à extrema esquerda desde que esta viabilize na Assembleia da República um governo PS liderado por si, ou até mesmo acenando a Catarina Martins e a alguns líderes do Partido Comunista para que integrem um governo liderado pelo PS.

   Devido à sua ambição desmedida e com uma agenda política desconhecida e não sufragada pelos portugueses, António Costa tenta habilmente montar uma estratégia de assalto ao poder, procurando assim contrariar uma prática de quase quatro décadas, segundo a qual, cabe ao vencedor do partido mais votado nas eleições legislativas constituir governo, ainda quando esse governo tenha o apoio de uma maioria relativa na Assembleia da República.
   
   Apesar de toda a pressão mediática exercida pelo PS, Bloco de Esquerda e Partido Comunista para a formação de um governo de esquerda, parece-me que esta solução é, à partida, improvável, pois certamente o Presidente da República irá convidar para formar governo o líder do partido mais votado, seguindo uma prática constitucional de várias décadas.

   É minha convicção profunda, no entanto, que caso tal viesse acontecer, Portugal seria de novo conduzido em poucos semestres para uma situação de descontrolo nas contas públicas que resultaria de uma visão ideológica colectivista imposta pela extrema esquerda ao Partido Socialista, e assistiríamos a uma reedição dos governos de José Sócrates que conduziram Portugal à bancarrota, com um inevitável regresso da troika a Portugal.

   Recorrendo exclusivamente à aritmética parlamentar, pondo de parte o interesse nacional, e recusando-se de forma cínica a estabelecer pontes de entendimento com a coligação vencedora das eleições, António Costa está a perverter as regras da democracia parlamentar e, com isso, a tentar inaugurar uma forma de fazer política muito perigosa, à semelhança dos caudilhos da América Latina.

   A terminar, cito o excerto de um artigo de opinião de Maria João Avillez publicado ontem no jornal online OBSERVADOR com o sugestivo título, “O USURPADOR”: “O PS chegou à meta em segundo lugar e não em primeiro e pronuncia-se, age e comporta-se em festa e frenesim, como se os socialistas tivessem vencido. Ou como se tivesse sido experimentada uma nova governação da coligação que tivesse já derrapado mil vezes.

   O país sabe que se trataria de uma usurpação, a Europa também, o mundo também. E last but not least, os portugueses também sabem. Mesmo que fazendo deles parvos-parvíssimos se evoque “a Constituição” como fonte legitimadora de um governo eleitoralmente anormal."





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