8 de outubro de 2015

AS ELEIÇÕES LEGISLATIVAS E A 
CONSTITUIÇÃO DO NOVO EXECUTIVO

Fonte: Jornal de Negócios

   
DERROTADA NAS URNAS, A ESQUERDA RADICAL TENTA IMPOR AO PAÍS DE FORMA ARTIFICIAL E PELA VIA DE UM "GOLPE DE ESTADO PARLAMENTAR" UMA "MAIORIA DE ESQUERDA" 

   Os resultados das eleições legislativas do passado domingo deram uma vitória expressiva à coligação Portugal à Frente, embora a coligação não tenha conseguido alcançar a maioria absoluta de mandatos, cenário que iria permitir ao próximo Executivo liderado por Passos Coelho ter o apoio parlamentar maioritário das bancadas dos partidos do centro-direita.
   
   Na segunda feira, dia 5, as manchetes da imprensa internacional eram unânimes em destacar a vitória do centro-direita conservador nas eleições legislativas em Portugal. Como referia o jornal francês Le Figaro: “...em Portugal, a direita 'ganhou largamente' as eleições legislativas, um cenário que era inimaginável há poucos meses”. A agência Bloomberg referia também a  vitória da coligação de direita sobre os socialistas.
   
   Curiosamente, desde a noite das eleições e ao longo destes dias, o único discurso que temos ouvido por parte da esquerda em geral, especialmente o Bloco de Esquerda, o Partido Comunista e os Verdes é que a direita perdeu as eleições e que a esquerda foi a grande vencedora das mesmas.
   
   A atitude da esquerda radical e também de amplos sectores do Partido Socialista, de não reconhecimento, em termos políticos, da vitória do centro-direita nas eleições de domingo, tem um intuito claríssimo. Ou seja, ir criando a ideia, através da opinião publicada, de que a estabilidade do próximo Executivo só será garantida com uma solução de governo à esquerda com um amplo apoio parlamentar do PS, BE, PC e Verdes.

   O mesmo equivale a dizer que se trata de um cenário altamente improvável, uma vez que uma tal solução configuraria uma tentativa de assalto ao poder, ‘ao género de um golpe de Estado parlamentar’ da esquerda radical que tornaria o Partido Socialista refém das propostas e políticas radicais anti-sistema, antidemocráticas e anti-europeístas do Bloco do Esquerda e do Partido Comunista, o que a muito curto prazo faria com que Portugal regredisse algumas décadas em termos económicos e sociais.
   
   A esquerda radical que, de uma forma sistemática, tem feito assentar a sua estratégia de acção na política da “terra queimada” e do “quanto pior melhor”, de defesa das nacionalizações, da saída de Portugal da NATO e do Euro, não tem, em minha opinião, qualquer legitimidade democrática para reclamar ser parte integrante de uma solução de governo numa democracia ocidental no século XXI.

   A única solução de governo que, a meu ver, pode garantir a estabilidade, a modernização do tecido económico e a continuação das reformas estruturais iniciadas em 2011 pelo actual Executivo, terá de ser uma solução liderada pela coligação de centro-direita, vencedora clara das eleições de dia 4, através da formação de um Executivo apoiado nos partidos da coligação que deverá negociar com o PS compromissos que permitam a viabilização próximo orçamento do Estado.  

   Aguardemos pelos próximos dias para ver se os dirigentes do PS vão saber mostrar sentido de Estado e uma vontade determinada em negociar com a coligação Portugal à Frente uma solução que permita a governabilidade do País durante a próxima legislatura, ou se, pelo contrário, irão ceder à tentação de se deixar persuadir pelos apelos desesperados da esquerda radical que, derrotada nas eleições e querendo aproveitar-se do facto de não haver uma maioria absoluta de direita no parlamento, anseia, a todo o custo, impor no parlamento uma maioria de esquerda “ao género do golpe de Estado parlamentar.” 


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