12 de abril de 2012

O rumo autoritário da Presidência de Dilma Roussef e a perseguição política aos opositores

  
   Quando ligamos a televisão para ver o noticiário do horário nobre das 8 da noite, somos normalmente bombardeados, em todos os canais generalistas, com notícias quase exclusivamente domésticas que nos últimos meses se têm centrado sobretudo nas consequências da crise económica e financeira.

    A crise, a crise, sempre a crise!

   Não raras vezes os canais generalistas aproveitam o horário nobre dos telejornais para relatar factos sensacionalistas com pouco interesse para a opinião pública, e cujo único intuito é o de alimentar a guerra de audiências que parece estar a tornar-se cada vez mais no objectivo principal de algumas estações de televisão.

   Constato com muita frequência que certas notícias de política internacional que versam factos importantes e actuais das relações internacionais são por vezes omitidos nos noticiários em Portugal, mormente no caso de notícias relacionadas com países com os quais temos relações especiais, como é o caso do Brasil. Acabamos por tomar conhecimento dessas notícias através da leitura on-line de jornais estrangeiros de referência.

   Foi o que aconteceu relativamente ao editorial da passada segunda-feira dia 9, no jornal diário norte-americano Washigton Times, lido maioritariamente entre os círculos políticos influentes de Washington.

  Aproveitando a visita oficial da Presidente do Brasil, Dilma Roussef, aos Estados Unidos a convite do Presidente Obama, o editor-chefe do Washington Times assinou um interessante editorial intitulado O Modelo Brasileiro de Obama.

   No referido editorial, é-nos apresentada uma imagem de Dilma Roussef claramente diferente daquela que tem sido passada para a opinião pública internacional e também para a opinião pública portuguesa desde a eleição de Dilma como Presidente do Brasil, vista normalmente como uma mulher conciliadora e moderada.

   Ora essa imagem é cabalmente desmontada neste editorial.

   Dilma Roussef é-nos apresentada “… como um exemplo da esquerda radical antiamericana que está a procurar apoios no mundo desenvolvido para condicionar o poder dos Estados Unidos. Um dos principais objectivos da sua missão a Washington é obter do Presidente Obama o apoio para a ambição de Brasília de conseguir ter assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas. O apoio norte-americano a esse plano seria autodestrutivo, uma vez que o Brasil garantiria votações seguras contra interesses Americanos no contexto mundial.”

   A nível da política interna brasileira o editorial do Washington Times refere ainda uma viragem de 180º do Governo de Dilma em termos de política fiscal relativamente ao governo anterior, criando uma série de obstáculos fiscais à economia e aumentando assustadoramente os gastos do Estado, factos que já estão a reflectir-se no Produto Interno Bruto que em 2011 teve um crescimento de apenas 2,7%., o mais baixo da América Latina.

   Não queria terminar sem referir um aspecto menos conhecido da opinião pública portuguesa relativamente ao governo de Dilma Roussef, ou seja, o condicionamento político de associações ou organismos que se opõem publicamente à agenda radical do seu governo de coligação com o Partido dos Trabalhadores.

   Segundo o editorial do Washington Times, esse condicionamento teve recentemente como alvo o movimento conservador Tradição, Família e Propriedade, muito conhecido nos círculos políticos de Washington através de uma entidade co-irmã - Tradition, Family and Property - existente nos Estados Unidos. Tradição, Família e Propriedade é no Brasil o principal movimento de oposição às prioridades da agenda da esquerda no que toca ao aborto, à censura e às normas e leis que inibem direitos de propriedade privada.

   Recentemente, uma decisão do Superior Tribunal de Justiça desfavorável ao movimento Tradição, Família e Propriedade veio revelar intromissões do poder político na decisão do Tribunal e também fortes pressões nesse sentido por parte de autoridades eclesiásticas do Brasil, incluindo o próprio Núncio Apostólico.

  Fica assim claro que nos dias actuais o poder judicial não só não é totalmente independente, como nalguns casos chega mesmo a ser fortemente influenciado por pressões do poder político e até mesmo por pressões do poder eclesiástico, como no caso que acabei de relatar.

  No Brasil, é sobejamente conhecido o alinhamento de alguns sectores da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), desde há longos anos, com a agenda colectivista propugnada pela esquerda brasileira, e portanto contrária aos movimentos e sectores de opinião defensores da propriedade privada.

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