4 de novembro de 2010

As eleições intercalares nos EUA e o tsunami político resultante da vitória do Partido Republicano e do Movimento Tea Party


Os resultados das eleições intercalares realizadas no passado dia 3 nos Estados Unidos tiveram como consequência imediata a alteração radical na relação de forças tanto no Congresso como no Senado.

O Partido Republicano, e sobretudo o seu sector mais conservador, o Movimento Tea Party, foram os grandes vencedores destas eleições que ditaram uma maioria Republicana no Congresso e um número muito expressivo de candidatos republicanos eleitos para o Senado.

Este facto irá condicionar de forma determinante a aprovação de certas leis, como por exemplo a legislação da reforma da saúde, para a qual é necessária uma maioria qualificada no Senado, a qual a partir de agora, não pode ser garantida apenas com os votos dos Democratas.

O tsunami político ocorrido em resultado destas eleições volta a colocar o Partido Republicano no centro das grandes decisões, tanto da política doméstica como da política externa americana.

Os Republicanos passam assim a assumir uma posição clara de bloqueio a muitas das políticas apresentadas pela Administração Obama durante os últimos dois anos. Através dessas políticas, com particular destaque para a reforma da saúde, a Administração Obama procurou legislar no sentido de um maior intervencionismo do Estado tanto na economia como na sociedade, situação pouco do agrado da generalidade dos americanos que têm um elevado apreço pela liberdade individual e pela livre iniciativa, daí terem penalizado duramente a política económica dos Democratas.

A alteração radical na relação de forças entre Democratas e Republicanos resultante destas eleições teve o seu início em 2009, em grande medida com o surgimento do Movimento Tea Party. O Tea Party é um movimento político, social conservador e liberal que surgiu há um ano como protesto contra um conjunto de leis federais como o Plano de Resgate Económico de 2008 e os projectos de reforma do sistema de saúde, projectos mal recebidos por milhões de norte-americanos.

Os membros e seguidores do Movimento Tea Party consideram que a despesa, o défice e os impostos federais são muito elevados, e tornava-se assim necessário fazerem ouvir a sua voz em Washington, tendo-se organizado e apresentado candidatos próprios tanto ao Congresso como ao Senado. Graças à sua determinação e organização alcançaram resultados surpreendentes muito para além das expectativas da generalidade dos analistas políticos e mesmo de alguns sectores do Partido Republicano.

A designação deste movimento com origem na sociedade civil inspirou-se no Boston Tea Party de 1773 que foi o ponto de partida para a Revolução Americana.

O surgimento de movimentos que se caracterizam por uma actuação eficaz e metódica visando objectivos claros e bem definidos como é o caso do Movimento Tea Party, dificilmente é compreendido e aceite pela generalidade das sociedades europeias, muito habituadas a conviver com sistemas políticos demasiado controlados pelos partidos e que deixam pouca margem de actuação à sociedade civil.

Essa dificuldade das sociedades europeias em compreender e aceitar movimentos como o Tea Party, apelidando-os de imediato de ultraconservadores e de radicais de Direita deve-se, em grande medida, a uma visão redutora daquilo que é o dinamismo e a vitalidade do sector conservador da sociedade norte-americana.

Na actual situação política e económica que Portugal enfrenta em resultado dos graves erros das políticas socialistas que mais não fazem do que engordar o Estado, o Movimento Tea Party deveria servir de inspiração aos sectores conservadores da sociedade portuguesa para se organizarem no sentido de se criar uma autêntica vaga de fundo que em poucos anos acabe por influenciar as decisões políticas, económicas e sociais e consequentemente contrariar a omnipresença do Estado na sociedade e na economia.

Sem comentários:

Enviar um comentário