25 de março de 2010

Os casos de pedofilia na Igreja Católica e o conceito de "pânico moral" construído pelos média


Os relatos de casos de pedofilia praticados por membros da Igreja Católica que têm vindo a ser noticiados quase até à exaustão nas últimas semanas pela comunicação social nacional e estrangeira, em artigos, peças televisivas e nas edições on-line dos principais diários, têm causado alguma perturbação entre amplos sectores da sociedade, e alguma mágoa sobretudo entre os católicos.

Outra coisa não seria de esperar!

Parece-me no entanto exagerada e desproporcionada a forma como o assunto está a ser tratado pelos média, ou seja, está a dar-se um destaque desmesurado a esta questão. Uma tal abordagem mediática deve, a meu ver, levar-nos a questionar se não haverá por detrás dos factos agora recuperados pela imprensa, certos interesses de grupos de pressão que visam desprestigiar a Igreja Católica como instituição, e o próprio Papa. Ou seja, tentar estabelecer uma relação causal entre os factos de pedofilia ocorridos e a alegada ocultação dos mesmos por parte de certos sectores da Hierarquia Católica?

Pelo menos, essa é a ideia que se está a tentar passar para a opinião pública.

Passemos a analisar os factos concretos e o contexto temporal em que ocorreram e o porquê de virem agora novamente a lume. Os factos que agora são objecto de notícia remontam aos anos 80, e terão ocorrido com pessoas próximas do Papa Bento XVI, na altura Arcebispo da Arquidiocese de Munique, na Baviera.

Trata-se de um caso que foi divulgado em 1985 e julgado por um tribunal alemão em 1986, que estabeleceu que a decisão da colocação do sacerdote responsável pelos actos de pedofilia na diocese não tinha sido tomada pelo Cardeal Ratzinger, nem era sequer do seu conhecimento, circunstância que não é de estranhar numa diocese grande com uma burocracia complexa.

Porquê, então, a recuperação, nas manchetes de um jornal alemão, precisamente agora, de um facto que ocorreu há mais de 24 anos?

E porquê também a propagação quase imediata da referida matéria jornalística pelos grandes meios de comunicação social um pouco por todo o mundo, facto que tem ajudado a criar uma espécie de pânico moral na sociedade?

Para enquadrar melhor esta questão, é oportuno recordar aqui o excerto de um recente artigo de Massimo Introvigne, sociólogo italiano e Director do CESNUR, Centro de Estudo de Novas Religiões onde se pode ler: “Na véspera de escolhas políticas, jurídicas e mesmo eleitorais que, um pouco por toda a Europa e pelo mundo, põem em questão a administração da pílula RU486, a eutanásia, o reconhecimento das uniões homossexuais, temas em que a voz da Igreja e do Papa é quase a única que se ergue a defender a vida e a família – poderosos grupos de pressão esforçam-se por desqualificar preventivamente esta voz com a acusação mais infamante, que é também, hoje em dia, a mais fácil de fazer: a acusação de favorecer ou tolerar a pedofilia.”

No referido artigo, Introvigne aborda o conceito de "pânico moral", e refere que a análise aos factos que agora voltam a ser notícia na imprensa deve ser tema de análise dos sociólogos e não ser deixada unicamente ao cuidado dos jornalistas: "A actual discussão sobre os sacerdotes pedófilos constitui um exemplo típico de «pânico moral». O conceito surgiu nos anos 70 do século XX, para explicar a «hiperconstrução social» de que alguns problemas são objecto; mais precisamente, os pânicos morais foram definidos como problemas socialmente construídos, caracterizados por uma sistemática amplificação dos dados reais, quer a nível mediático, quer nas discussões políticas."

Ainda à luz do conceito de “pânico moral”; "...a incidência (dos factos) é exagerada por estatísticas folclóricas que, embora não confirmadas por estudos académicos, são repetidas pelos meios de comunicação, podendo inspirar persistentes campanhas mediáticas".

Certamente que tais campanhas têm objectivos bem definidos.

A meu ver, a abordagem excessivamente mediatizada dos casos de pedofilia que envolveram membros da Hierarquia Católica, visam directamente a Igreja Católica como instituição e o próprio Papa, inserindo-se na lógica de um vasto processo de erosão dos valores cristãos no Mundo Ocidental que está a ser levado a cabo de forma meticulosa e paulatina pelos apologistas do laicismo radical e militante.

2 comentários:

  1. Claro q ninguém pode aprovar a pedófilia... muito menos um Católico... mas isto são ataques cobardes para desviar as atenções do modo de vida defendido por certos grupos... q o Papa tem a coragem de criticar...

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  2. O Filósofo Olavo de Carvalho também é dessa opinião e apresenta as respectivas provas.

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