Ao sentar-me
para escrever mais um Reparo do Dia não
foi fácil saber por onde começar, de tal forma têm sido conturbados os
acontecimentos internacionais, em especial na Europa, bem como os cenários da
nossa política interna.
França, Bélgica
e Alemanha estão neste momento no coração de uma tempestade, o terrorismo
islâmico, que, em breve, poderá arremeter também contra as nossas cidades e pôr
em causa a nossa segurança, alterando inevitavelmente o estilo de vida que
conhecemos nas sociedades ocidentais.
A guerra da
Síria vai gerando crispações e eventos militares, como o que envolveu há dias a
Turquia e a Rússia, podendo a qualquer momento desencadear um conflito mais
grave.
Em Portugal, o
tumulto político arquitectado e desencadeado pelo derrotado Partido Socialista
– inspirado na sua “face oculta” – faz-nos voltar ao ambiente de instabilidade
política e de ambições autoritárias do PREC, ou ao jacobinismo político da
Primeira República, liderada por um outro Costa, Afonso Costa.
Nas últimas
semanas tive oportunidade de abordar empresários, pequenos comerciantes e
simples cidadãos que votaram na coligação Portugal à Frente e questioná-los sobre
a anormal reviravolta política que se operou no último mês em Portugal,
perguntando-lhes para que tinha servido o seu voto.
A resposta foi invariavelmente
a mesma: “O meu voto não serviu para nada.”
Afinal constata-se
que as tão sagradas regras da democracia representativa e, sobretudo, o tão
exaltado direito de voto apregoado aos quatro ventos pelos socialistas como, a
voz do povo soberano, foi rudemente amesquinhado pelos auto-intitulados “pais da
democracia” que desde Abril de 1974 se consideram os donos e pais fundadores da
democracia em Portugal.
O grande derrotado, o Partido Socialista, vai
assumir hoje o governo de Portugal de forma politicamente ilegítima contra a
vontade expressa da maioria do eleitorado, que a 4 de Outubro escolheu a
continuidade, num clima de paz social e de serenidade política. E isto ocorre com
o aval de quem foi escolhido para ser o garante da Constituição e das instituições do
Estado.
Há algo de podre no Reino da Dinamarca!
A democracia não
pode ser reduzida apenas a números! Deve primar pela ética e pela interpretação
do sentido de uma consulta eleitoral.
Como afirmava
Francisco Sá Carneiro, “A política sem
ética é uma vergonha”.
Será que os
portugueses quiseram dar a direcção do País ao Partido Socialista? Mais ainda,
será que os portugueses quiseram entregar o governo do País a uma base política
integrada por estalinistas ferrenhos, que apoiam ditaduras como as de Cuba e da
Coreia do Norte, ou a trotskistas antidemocráticos? Quem não vê que estamos
perante uma aberração e um atentado ao próprio regime democrático?
A manipulação da
realidade eleitoral comandada por António Costa e pelo Partido Socialista, fez
com que caísse de vez a máscara de um Partido que se afirmava respeitador da
Democracia, das suas regras e das suas instituições.
Com a
reviravolta política operada pelo Partido Socialista, é revelada aos portugueses
a face autoritária deste partido, ou seja, dos que utilizam as regras do regime
democrático e as suas instituições, precisamente, para destruir essa democracia
e aparelhar o Estado em benefício dos seus projectos ideológicos.
Na América do
Sul, tem-se vindo a assistir há mais de uma década a um processo semelhante, ou
seja, o chamado Socialismo do Século XXI, ou bolivarianismo. Utilizando os
mecanismos do Estado de Direito, regimes ditatoriais, como o da Venezuela,
destruíram a pujança do tecido económico e os princípios da democracia. Nicolas
Maduro declarou abertamente que, se perder as eleições, no início de Dezembro,
não respeitará os resultados e manter-se-á no poder, se necessário, pela força
das armas.
Um processo político
semelhante de perversão das regras da democracia representativa parecer ter
tido início em Portugal sob a liderança de António Costa, refém dos partidos da
extrema-esquerda.
Os métodos do
socialismo do século XXI, com o qual o Partido Socialista estreitou laços
institucionais e outros, nem tanto, sobretudo no governo de José Sócrates,
parecem começar a ganhar terreno em Portugal.
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