19 de julho de 2012

D. Januário Torgal Ferreira e as desconcertantes e polémicas declarações à TVI

   
   “O Governo é profundamente corrupto”; “Eu não acredito nestes tipos, em alguns destes tipos, porque lutam pelos seus interesses, têm o seu gangue, têm o seu clube e pressionam a comunicação social”; “O anterior Governo, que foi tão atacado, era composto por um conjunto de anjos, ao pé destes diabinhos negros que acabam de aparecer”.

   Depois de ouvir estas polémicas afirmações, transcritas do sítio PT Jornal, Plataforma de Comunicação, o ouvinte pensará certamente que as mesmas terão sido proferidas por algum socialista ou até mesmo por um comunista indignado com certas medidas do actual governo PSD-CDS.

   Talvez fique estupefacto se lhe disser que foram proferidas por D. Januário Torgal Ferreira, actual Bispo das Forças Armadas.

   Reputo de indecorosa a linguagem utilizada pelo Bispo das Forças Armadas em entrevista ao programa Política Mesmo da TVI, na passada terça-feira dia 17.

   É necessário ter em consideração que as afirmações de D. Januário Torgal Ferreira, para além de serem caluniosas, foram proferidas por alguém que pertence à Hierarquia da Igreja Católica. De um alto representante da Hierarquia da Igreja espera-se sempre que utilize decoro na linguagem, o que infelizmente não foi o caso nesta entrevista. A linguagem utilizada por D. Januário Torgal Ferreira, para além de indecorosa foi pouco consentânea com a posição ocupada por um prelado da Igreja.

  Foi com enorme espanto que constatei que D. Januário Torgal Ferreira, ao proferir um violento ataque verbal à actual governação PSD-CDS-PP e ao acusar o Governo de corrupto, chegando a compará-lo com o Estado Novo de Salazar, pretendeu claramente desculpabilizar os anteriores governos socialistas de José Sócrates ao afirmar: “O anterior Governo, que foi tão atacado, era composto por um conjunto de anjos, ao pé destes diabinhos negros que acabam de aparecer.”

   É muito sintomático que os portugueses não tenham assistido a idêntica postura deste prelado da Igreja aquando dos graves escândalos políticos e económicos dos dois últimos governos socialistas e à situação de bancarrota a que José Sócrates e os seus governos conduziram o país.

   Será que D. Januário Torgal Ferreira andava distraído quando tais escândalos ocorreram? E que leitura faz desses escândalos?

  E onde estava a voz da indignação de D. Januário Torgal Ferreira aquando da discussão e aprovação das leis socialistas contra a Família, como a lei do aborto e do pseudo-casamento homossexual, durante a governação de José Sócrates?

   Numa altura em que muitos católicos e a maioria dos portugueses precisavam de ouvir uma posição clara do Episcopado relativamente à discussão e aprovação de tais medidas, não me recordo de ter ouvido declarações reveladoras de uma posição firme e enérgica por parte de D. Januário Torgal Ferreira perante o conjunto de leis anti-Família que estavam a ser discutidas.

   Onde estava a voz de alerta do Bispo das Forças Armadas aos católicos perante a iniquidade das referidas leis?

   Que desconcertante e enigmática atitude, a que foi assumida por D. Januário Torgal Ferreira na entrevista dada à TVI ao intrometer-se em questões do foro político-ideológico que, em bom rigor, não competem a um bispo da Igreja Católica.

   Cada vez vai ficando mais clara, para muitos católicos e para os portugueses, a colagem de D. Januário Torgal Ferreira a posições ideológicas da esquerda e a sua intromissão em questões do foro político-ideológico, sobretudo quando se trata de dirigir invectivas contra membros de um governo de Centro Direita eleito democraticamente.

   Para D. Januário Torgal Ferreira o respeito pelo princípio dos governos eleitos democraticamente parece aplicar-se apenas aos governos oriundos da esquerda.

   A terminar quero expressar também a minha apreensão pela posição da Conferência Episcopal Portuguesa relativamente às afirmações de D. Januário Torgal Ferreira, através das declarações do seu porta-voz, o padre Manuel Morujão, à agência Lusa, que se limitou a afirmar: «São declarações a nível individual. Não está expresso o entendimento da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP)».

   Face ao grave teor das polémicas acusações proferidas por D. Januário Torgal Ferreira contra o actual Governo de Portugal e à linguagem pouco decorosa por ele utilizada na entrevista à TVI, seria de esperar uma posição mais firme e enérgica por parte da Conferência Episcopal e não uma mera demarcação, ou por outras palavras, um lavar as mãos como Pilatos face ao conteúdo das gravíssimas declarações proferidas pelo Bispo das Forças Armadas.

8 comentários:

  1. Penso que o meu amigo José Filipe Sepúlveda faz uma leitura um pouco simples das palavras de sua Reverência o Sr. D. Januário. Aliás, não sei se fez um levantamento das declarações do prelado durante a governação socialista, mas foi certamente uma das vozes mais incómodas da Igreja para a mesma. Quando os Srs Bispos, todos os dias são confrontados com situações confrangedoras de fome, à porta das instituições que gerem, de pobreza económica e moral, e as vêm em contraste com o que se passa "do outro lado", têm que reagir perante todos os que parecem não querer reagir. D. Januário fê-lo, de uma forma que parece ninguém estar a ter coragem para fazer: de forma aberta, corajosa e frontal. arece que os portugueses não estão muito habituados, mas isso, na realidade, ficou-lhes de outros tempos e de outras realidades.

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    1. Caro Pedro, aceito as observações que fizeste embora não concorde com a "leitura um pouco simples" que referes.

      As afirmações polémicas de D. Januário Torgal Ferreira já são sobejamente conhecidas.

      De uma duas: ou nós, como católicos, deixamos de levar este prelado a sério, ou então, sempre que ele proferir tamanhas enormidades compete-nos, em consciência e à luz da Doutrina da Igreja, denunciar as afirmações polémicas.

      Como católico não posso aceitar que um membro da Hierarquia faça a seguinte afirmação - "Concordo e aceito que um homem viva com outro homem" - e não haja um membro da Hierarquia que lhe faça uma admoestação pública.

      D. Januário Torgal Ferreira ao fazer afirmações polémicas que, nalguns casos, contrariam a própria Doutrina da Igreja, sabe perfeitamente que está a aproveitar-se do prestígio que tem como membro da Hierarquia, usando-se desse prestígio para tentar confundir muitos católicos, a meu ver, mal-informados.

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  2. Mas quem é esse senhor para comprometer a classe que representa (clero).Isto afinal vale tudo ,quem diz o que quer está sujeito a ouvir o que não quer. Estou a ver que está aqui mais um possivel lider para um partido de esquerda (já vi que em teologia há a vertente materialista).

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  3. Como católico praticante, não aceito este sr Bispo sem categoria sequer para padre quanto mais para um alto representante da Igreja.
    O D.Torgal é um "infiltrado"da esquerda que apenas fomentam a guerra e não promovem a paz.
    Pena os visados nao terem coragem de o enfrentarem e fazer-lhe provar as suas afirmaçoes e aí sim se nao o provar é um falso testemunho o que atenta contra a lei, para mais sendo ele um homem com muitas responsabilidades na hierarquia da Igreja; porem talvez um incompetente a cumprir ordens dos "fregueses do costume"

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  4. Este senhor é um grave problema de saúde pública.

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  5. Hája bom senso, mas não vejo nas palavras do sr bispo calúnias, calúnias fazem os políticos que prometem mundos e fundos quando querem ir para o poder e depois lá, só não nos tiram tudo, pq tb não lhes interessa, mas tiram-nos muitas das vezes o essencial p/ se poder viver com alguma dignidade e um pouco melhor que as geraçãoes anteriores, é salutar que queiremos melhor. Não se trata de esquerda ou direita, trata-se de justiça. Políticos que o que querem é depois de sair do governo ter um tachinho p/ continuar a ter o mesmo ou melhor estilo de vida, sem preocupações. Tratar de um futuro melhor é legal e legítimo, só não é legal é pedir sempre aos mesmos do costume, afirmamdo que é p/ o bem nas novas gerações, e ao mesmo tempo que estamos a tentar melhorar p/ que as novas gerações tenham um futuro melhor, roubando-nos, eles continuam a fazer uma vida despesista, como se a crise não passe por eles, passa sim, pelos mesmos de sempre. Espero sinceramente que o sr. bispo Januário tenha a coragem de atacar a igreja e tentar que os padres se possam casar, se assim o pretenderem, sem ter que deixar o patriacardo, e as mulheres tb possam dizer missa, pq assim teríamos uma igreja com futuro e sem descriminação feminina que tem feito ao longo dos séculos, já é tempo, a mulher não é só um ser parideiro, pq elas tb tem inteligência e sensibilidade p/ serem padres.

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  6. Bem, penso que estávamos a comentar as afirmações sobre o governo, proferidas há poucos dias, não? Terei muito gosto em comentar todas as outras, até porque, na sua maioria concordo com a tua posição em relação a elas. Agora quanto à avaliação da categoria para um prelado da Igreja para ser Padre ou Bispo, meu caro senhor Augusto Fernandes, penso que não lhe poderei responder, mas terá que ser a Augusta cadeia de formação da Santa Igreja.

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  7. O FUTURO É......... TRABALHO , PRODUTIVIDADE , REFORMA TRIBUTARIA .................SÓ UMA ESTRATÉGIA COMPLETA...EQUILIBRADA...E ROBUSTA , pode conduzir o País ao caminho do Progresso das pessoas , das famílias e das empresas...
    O TRABALHO NÃO DEVE PAGAR QUALQUER IMPOSTO...!!!
    Quem trabalha ,( e produz riqueza ) , trabalha para si , para a sua família , para a sua empresa , para o seu município , para o seu País...
    MERECE UM INCENTIVO...MERECE UM LOUVOR...MERECE UM PRÉMIO...e nunca um imposto...e mais grave ainda um imposto progressivo...quanto mais trabalha mais paga...
    É UMA GRAVE INJUSTIÇA COBRAR IMPOSTO SOBRE O TRABALHO...
    E um dos maiores erros da nossa sociedade...sendo urgente corrigir tal erro que é de uma injustiça COLOSSAL...
    O Estado só deve cobrar impostos JUSTOS...sobre o Consumo , a Poluição e os Vícios...e todos os outros impostos devem ser ABOLIDOS...
    A redistribuição dos rendimentos deve ser feita apenas no investimento do Estado...e nunca na cobrança dos impostos...
    Os impostos injustos sobre o TRABALHO devem ser PROÍBIDOS imediatamente...para que haja um mínimo de JUSTIÇA FISCAL...
    SE CONCORDA...partilha ... um abraço de agradecimento do manuel.ferreira82@yahoo.com.br

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