10 de março de 2011

O discurso de tomada de posse de Cavaco Silva - O início da magistratura activa?

   Fonte: JN
 
O discurso de tomada de posse de Cavaco Silva que assinalou o início do seu segundo mandato como Presidente da República era aguardado com expectativa pela generalidade dos portugueses, pelos agentes políticos e económicos e também pelos meios de comunicação social.

  E o motivo não era para menos, em vista da progressiva degradação da situação económico-financeira e social que Portugal atravessa, que nos coloca virtualmente à beira da bancarrota. Ou seja, um cenário que pode tornar-se explosivo caso não haja uma urgente e radical mudança no panorama político-partidário nacional.

  O alerta de Cavaco Silva para a situação de emergência económica, financeira e social que se vive actualmente em Portugal, deu o mote para um discurso que, segundo alguns comentadores e analistas, ficará para a história do pós-25 de Abril de 1974, como um dos mais duros discursos, do ponto de vista do seu conteúdo político. Um discurso carregado de fortíssimas críticas à actual forma de se fazer política em Portugal, situação que, de modo inevitável, vai afastando gradualmente os eleitores dos eleitos e de muitos políticos que “não conhecem o país real, só conhecem um país virtual e mediático”, nas palavras de Cavaco Silva.

  De um modo geral, pareceu-me correcto o diagnóstico traçado pelo Presidente agora reconduzido para um segundo mandato, ao alertar, entre outros aspectos, para “o risco de pobreza e exclusão social” que, segundo dados oficiais da União Europeia publicados em 2008, superava os 2 milhões e 750 mil pessoas, ou seja, o equivalente a 26% da nossa população.

  De destacar também as referências de Cavaco Silva aos “elevadíssimos níveis da despesa pública, da dívida pública e do sector Empresarial do Estado”, em minha opinião, um verdadeiro cancro que vai minando e adiando o crescimento económico tão necessário à criação de riqueza.

  A referência que o Chefe de Estado fez à necessidade de redução da excessiva presença do Estado na economia e de “reconhecer as empresas e o valor por elas criado em vez de as perseguir com uma retórica ameaçadora ou com políticas que desincentivam a iniciativa e o risco” tinha destinatários muito concretos, a meu ver, o Eng.º José Sócrates e o actual governo socialista que tudo tentam controlar, recorrendo para tal a uma máquina de propaganda mediática que, de forma ilusória, vai tentando criar um país virtual aos olhos dos portugueses.

  Pareceram-me igualmente oportunas as referências aos “limites para os sacrifícios que se podem exigir ao comum dos cidadãos”, numa menção claríssima à pesada carga fiscal que os socialistas estão a impor à classe média.

  De mencionar ainda dois outros aspectos que me pareceram relevantes.

  Por um lado, a menção feita à família como “espaço essencial de realização da pessoa humana” que é o “elemento agregador da sociedade portuguesa” numa época em que se vive uma “profunda crise de valores”. Por outro, o apelo a um “sobressalto cívico” e a necessidade de uma “sociedade civil forte, dinâmica e, sobretudo, mais autónoma perante os poderes públicos”.

  Parece-me no entanto, que o diagnóstico traçado no discurso de posse do Presidente da República só pecou por tardio.

  Face ao acentuar da degradação do cenário político, económico e social, em particular no último ano e meio, consequência directa do agravamento das erradíssimas políticas do executivo socialista, teria sido certamente melhor para os superiores interesses de Portugal, que o Presidente da República, ainda durante o seu primeiro mandato, tivesse tomado medidas enérgicas usando os poderes de dissolução do Parlamento que a Constituição lhe confere. Esse facto teria atenuado, de algum modo, a grave situação a que se chegou, a meu ver resultante da irresponsabilidade e da vaidade de um Primeiro-ministro, produto acabado da propaganda e cada vez mais distante do país real.

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