11 de fevereiro de 2010

A presença da ETA em Portugal ante a passividade do Governo Socialista


No editorial do jornal Público de terça-feira, dia 9 de Fevereiro, podia ler-se: “No dia em que a base de Óbidos foi descoberta, a ETA passou a ser mais do que uma ameaça distante, e isso muda muita coisa”, numa alusão aos recentes desenvolvimentos relacionados com a presença do grupo terrorista basco em território português.

Segundo foi relatado na imprensa espanhola e portuguesa, os 1330 kg de nitrato de amónio e os engenhos para fabricar explosivos descobertos numa casa de Casal de Avarela, em Óbidos, seriam suficientes para provocar 7 atentados de grandeza idêntica ao atentado cometido em 2006 no Aeroporto de Barajas, em Madrid, e que provocou o colapso de parte do edifício do aeroporto. Entre o material apreendido pelas autoridades em Óbidos, havia também mapas de Portugal e de Espanha.

Em declarações aos meios de comunicação social, o Presidente do Observatório de Segurança e Terrorismo, José Manuel Anes, admitiu a existência de mais bases no género em Portugal e declarou que há muito tempo que não era desmantelada uma base tão grande como esta, tendo comentado ainda: “…é chegada a hora do Governo se pronunciar sobre o assunto”. Em sua opinião, o Governo tentou desdramatizar a presença dos dois operacionais da ETA capturados no mês passado em Torre de Moncorvo.

Ainda relativamente à alegada presença da ETA em Portugal, e segundo declarações do Ministro da Justiça, Alberto Martins, a 11 de Janeiro, “Portugal não tem qualquer informação ou suspeita sobre a existência de bases da ETA no país”.

A contrapor a esta afirmação do Ministro da Justiça, estão as declarações do jornalista Florencio Dominguez, o maior especialista sobre o fenómeno terrorista da ETA, autor de várias obras relativas a esta temática, que afirmou haver indícios da presença da ETA em Portugal, desde 2007. Segundo este especialista, a casa de Óbidos é provavelmente a “base logística para fabricar explosivos para a ETA”, tendo recordado ainda que “uma célula de ETA entrava e saía de Portugal em 2002, altura em que realizou atentados no sul de Espanha.”

Perante a descoberta e a revelação destes factos preocupantes ocorridos em solo nacional, é inquestionável que Portugal passa a ficar no centro da temática terrorista relacionada com as acções da ETA, mas o Governo Português parece não querer dar qualquer importância ao assunto.

O que é totalmente incompressível e intolerável para qualquer cidadão de um Estado livre e democrático como o Estado Português, é constatar a total despreocupação do Governo da Nação em dar uma explicação à opinião pública perante a revelação de tais factos.

A atitude de omissão do Governo, nesta matéria, pode vir a ter repercussões ao nível da segurança interna, pois exigia-se uma explicação oficial sobre este assunto dada em tempo oportuno pelo Governo, de forma a tranquilizar os cidadãos.

Em vez disso, a sociedade portuguesa assiste a um Primeiro-Ministro mais preocupado com a manutenção da sua imagem mediática já muito desgastada, e visivelmente incomodado com a revelação das escutas do processo Face Oculta, segundo as quais se conclui que, muito provavelmente terá havido uma claríssima tentativa de controlo de vários meios de comunicação social a partir do aparelho do Estado e com a utilização de dinheiros públicos, naquilo que pode vir a constituir um grave crime contra o Estado de direito.

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