22 de outubro de 2015

A COLIGAÇÃO DE PERDEDORES E O SEQUESTRO DOS VOTOS DA COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE

 

APELO AO PRESIDENTE DA REPÚBLICA

   Impõe-se voltar ao tema aqui abordado nas duas últimas semanas, dada a indefinição política e a delicada situação que se está a viver em Portugal, cujas consequências são neste momento imprevisíveis.

   Através de uma hábil manobra de bastidores desencadeada pelos partidos da extrema-esquerda e com a cumplicidade do Partido Socialista, a sociedade portuguesa tem vindo a assistir nas duas últimas semanas à tentativa de imposição de uma frente de esquerda para a governação do país, no total desrespeito pelo voto de dois milhões e cem mil portugueses e ao arrepio do interesse nacional. O objectivo último da coligação de perdedores, constituída pelo PS, Bloco de Esquerda e PCP, é o de impedir que a coligação Portugal à Frente forme um Executivo. Ou seja, “...está em curso uma operação para sequestrar os votos da coligação”, como referia há dias o Dr. Paulo Portas.

   Alguns comentadores e analistas políticos têm afirmado nas últimas semanas que os partidos da extrema-esquerda portuguesa não representam actualmente o mesmo perigo que representavam em 1975, no que toca à aplicação das políticas que preconizam e que pretendem implementar, caso viessem a integrar o próximo Executivo. Ou seja, uma vez chegados ao poder e face à realidade da governação, Bloco de Esquerda e PCP acabariam por pôr de lado a sua agenda ideológica radical.

   Nada mais falso.

   Curiosamente e de forma sintomática Joana Mortágua, do Bloco de Esquerda, que, tenta ocultar dos portugueses o radicalismo da sua agenda ideológica e apresentar-se agora como respeitadora das regras da democracia representativa, afirmava, há menos de um ano, o seguinte: “A mesma fibra que temos hoje é a que tínhamos há 40 anos: a fibra dos revolucionários, dos que arriscam, dos que aprendem, dos que nunca esquecem onde têm as suas raízes, as mais profundas, as do pensamento.”

   O país aguarda com apreensão e expectativa a decisão do Chefe de Estado sobre a formação do próximo Executivo que poderá ter lugar ainda hoje.

   Preocupado e apreensivo com a actual situação de impasse político e face aos possíveis cenários que se perspectivam, decidi enviar há dois dias uma missiva ao Presidente da República. Não me sendo possível lê-la na íntegra, dada o reduzido espaço desta crónica, quero partilhar consigo alguns excertos da mesma.

   "Sr. Presidente, face à leitura dos resultados eleitorais, o sentimento geral de milhões de portugueses é o de que cabe à coligação Portugal à Frente formar governo, mesmo que esse governo venha a ser minoritário, à semelhança do que aconteceu com o governo minoritário liderado por V. Exa. em 1985.

   Senhor Presidente, quero transmitir-lhe a minha apreensão e preocupação ao considerar, como mera hipótese, a formação de um governo de uma frente de esquerda em Portugal, não só pela falta de legitimidade eleitoral de que um tal Executivo empossado por V. Exa. viria e enfermar, como também pelo que isso significaria em termos de retrocesso económico e social para Portugal.

   Assim, venho apelar a Vossa Excelência, como mais alto magistrado da Nação, que, no legítimo exercício do mandato que lhe foi conferido pelos portugueses e no respeito pela escolha livre e democrática dos mais de dois milhões de eleitores que deram a vitória nas urnas à coligação Portugal à Frente, não viabilize um Executivo minoritário PS com o apoio parlamentar das forças anti-sistema da extrema-esquerda.

   Esperando que esta missiva seja bem acolhida por Vossa Excelência, Senhor Presidente, fico a aguardar com expectativa e serenidade a decisão que irá tomar quanto à constituição do novo Executivo.
 
   Estou convicto que a decisão de Vossa Excelência, Senhor Presidente, irá respeitar a vontade expressa nas urnas pela maioria dos portugueses e terá em consideração os superiores interesses da Nação portuguesa bem como a voz e o prestígio de Portugal no concerto das nações."


15 de outubro de 2015



ANTÓNIO COSTA E A PERVERSÃO DAS REGRAS DA DEMOCRACIA PARLAMENTAR

UMA ESTRATÉGIA RADICAL DE CONQUISTA DO PODER QUE AFRONTA A VONTADE CLARA DE MAIS DE 2 MILHÕES DE PORTUGUESES QUE DERAM  A VITÓRIA NAS URNAS À COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE


   A última semana tem sido marcada pela agitação mediática protagonizada pelo líder do Partido Socialista e pelos líderes da extrema esquerda, desencadeada após o pedido do Chefe de Estado ao Dr. Pedro Passos Coelho para que encontrasse uma solução de governabilidade para a próxima legislatura.
   
   É lamentável a encenação pós-eleitoral que tem sido levada a cabo pelo Dr. António Costa. Contra a opinião de vários analistas políticos, economistas e até de destacados membros do PS, Costa insiste na narrativa de que só um governo à esquerda liderado pelo PS garantirá a estabilidade necessária para a próxima legislatura.

   Os mais de dois milhões de portugueses que votaram na coligação vencedora das eleições, bem como amplos sectores da sociedade portuguesa assistem atónitos e apreensivos à atitude do líder do PS que, teimando em não reconhecer a derrota sofrida pelo Partido Socialista, tenta por todas as formas, através do espaço mediático, condicionar e chantagear politicamente os líderes da coligação Portugal à Frente e simultaneamente condicionar a escolha do Presidente da República para a formação do próximo governo de Portugal, pensando que com isso poderá obter grandes dividendos políticos.
   
   Em minha opinião, António Costa não hesitará um único segundo em aliar-se à extrema esquerda desde que esta viabilize na Assembleia da República um governo PS liderado por si, ou até mesmo acenando a Catarina Martins e a alguns líderes do Partido Comunista para que integrem um governo liderado pelo PS.

   Devido à sua ambição desmedida e com uma agenda política desconhecida e não sufragada pelos portugueses, António Costa tenta habilmente montar uma estratégia de assalto ao poder, procurando assim contrariar uma prática de quase quatro décadas, segundo a qual, cabe ao vencedor do partido mais votado nas eleições legislativas constituir governo, ainda quando esse governo tenha o apoio de uma maioria relativa na Assembleia da República.
   
   Apesar de toda a pressão mediática exercida pelo PS, Bloco de Esquerda e Partido Comunista para a formação de um governo de esquerda, parece-me que esta solução é, à partida, improvável, pois certamente o Presidente da República irá convidar para formar governo o líder do partido mais votado, seguindo uma prática constitucional de várias décadas.

   É minha convicção profunda, no entanto, que caso tal viesse acontecer, Portugal seria de novo conduzido em poucos semestres para uma situação de descontrolo nas contas públicas que resultaria de uma visão ideológica colectivista imposta pela extrema esquerda ao Partido Socialista, e assistiríamos a uma reedição dos governos de José Sócrates que conduziram Portugal à bancarrota, com um inevitável regresso da troika a Portugal.

   Recorrendo exclusivamente à aritmética parlamentar, pondo de parte o interesse nacional, e recusando-se de forma cínica a estabelecer pontes de entendimento com a coligação vencedora das eleições, António Costa está a perverter as regras da democracia parlamentar e, com isso, a tentar inaugurar uma forma de fazer política muito perigosa, à semelhança dos caudilhos da América Latina.

   A terminar, cito o excerto de um artigo de opinião de Maria João Avillez publicado ontem no jornal online OBSERVADOR com o sugestivo título, “O USURPADOR”: “O PS chegou à meta em segundo lugar e não em primeiro e pronuncia-se, age e comporta-se em festa e frenesim, como se os socialistas tivessem vencido. Ou como se tivesse sido experimentada uma nova governação da coligação que tivesse já derrapado mil vezes.

   O país sabe que se trataria de uma usurpação, a Europa também, o mundo também. E last but not least, os portugueses também sabem. Mesmo que fazendo deles parvos-parvíssimos se evoque “a Constituição” como fonte legitimadora de um governo eleitoralmente anormal."





8 de outubro de 2015

AS ELEIÇÕES LEGISLATIVAS E A 
CONSTITUIÇÃO DO NOVO EXECUTIVO

Fonte: Jornal de Negócios

   
DERROTADA NAS URNAS, A ESQUERDA RADICAL TENTA IMPOR AO PAÍS DE FORMA ARTIFICIAL E PELA VIA DE UM "GOLPE DE ESTADO PARLAMENTAR" UMA "MAIORIA DE ESQUERDA" 

   Os resultados das eleições legislativas do passado domingo deram uma vitória expressiva à coligação Portugal à Frente, embora a coligação não tenha conseguido alcançar a maioria absoluta de mandatos, cenário que iria permitir ao próximo Executivo liderado por Passos Coelho ter o apoio parlamentar maioritário das bancadas dos partidos do centro-direita.
   
   Na segunda feira, dia 5, as manchetes da imprensa internacional eram unânimes em destacar a vitória do centro-direita conservador nas eleições legislativas em Portugal. Como referia o jornal francês Le Figaro: “...em Portugal, a direita 'ganhou largamente' as eleições legislativas, um cenário que era inimaginável há poucos meses”. A agência Bloomberg referia também a  vitória da coligação de direita sobre os socialistas.
   
   Curiosamente, desde a noite das eleições e ao longo destes dias, o único discurso que temos ouvido por parte da esquerda em geral, especialmente o Bloco de Esquerda, o Partido Comunista e os Verdes é que a direita perdeu as eleições e que a esquerda foi a grande vencedora das mesmas.
   
   A atitude da esquerda radical e também de amplos sectores do Partido Socialista, de não reconhecimento, em termos políticos, da vitória do centro-direita nas eleições de domingo, tem um intuito claríssimo. Ou seja, ir criando a ideia, através da opinião publicada, de que a estabilidade do próximo Executivo só será garantida com uma solução de governo à esquerda com um amplo apoio parlamentar do PS, BE, PC e Verdes.

   O mesmo equivale a dizer que se trata de um cenário altamente improvável, uma vez que uma tal solução configuraria uma tentativa de assalto ao poder, ‘ao género de um golpe de Estado parlamentar’ da esquerda radical que tornaria o Partido Socialista refém das propostas e políticas radicais anti-sistema, antidemocráticas e anti-europeístas do Bloco do Esquerda e do Partido Comunista, o que a muito curto prazo faria com que Portugal regredisse algumas décadas em termos económicos e sociais.
   
   A esquerda radical que, de uma forma sistemática, tem feito assentar a sua estratégia de acção na política da “terra queimada” e do “quanto pior melhor”, de defesa das nacionalizações, da saída de Portugal da NATO e do Euro, não tem, em minha opinião, qualquer legitimidade democrática para reclamar ser parte integrante de uma solução de governo numa democracia ocidental no século XXI.

   A única solução de governo que, a meu ver, pode garantir a estabilidade, a modernização do tecido económico e a continuação das reformas estruturais iniciadas em 2011 pelo actual Executivo, terá de ser uma solução liderada pela coligação de centro-direita, vencedora clara das eleições de dia 4, através da formação de um Executivo apoiado nos partidos da coligação que deverá negociar com o PS compromissos que permitam a viabilização próximo orçamento do Estado.  

   Aguardemos pelos próximos dias para ver se os dirigentes do PS vão saber mostrar sentido de Estado e uma vontade determinada em negociar com a coligação Portugal à Frente uma solução que permita a governabilidade do País durante a próxima legislatura, ou se, pelo contrário, irão ceder à tentação de se deixar persuadir pelos apelos desesperados da esquerda radical que, derrotada nas eleições e querendo aproveitar-se do facto de não haver uma maioria absoluta de direita no parlamento, anseia, a todo o custo, impor no parlamento uma maioria de esquerda “ao género do golpe de Estado parlamentar.”